*Discurso de Formatura em filosofia dirigido aos convidados da festa no dia 07/03/08. Texto redigido em 30/01/08.

São Leopoldo, 30 de janeiro de 2008

Minha Formatura

Saúdo as autoridades presentes na mesa e os demais convidados da festa. Como eu os poupei de uma cerimônia formal com mais de duas horas de duração, eu não os pouparei de uns dez minutos de discurso!

Abro minha fala manifestando quão importante é para mim a presença de todos neste momento. As pessoas que aqui estão, cada uma a seu modo, alimentam certa estima por este formando. As pessoas que aqui estão sabem quão difícil foi para mim, conquistar este diploma. Sabem que este momento coroa a soma cumulativa da minha ausência e do meu sacrifício, pois não foi nada fácil chegar até aqui. Ainda bem que em meu caminho encontrei obstáculos que me fortaleceram, encontrei amigos que entenderam a minha falta, contei sempre com o apoio da minha família que me deu estrutura da formação do homem que hoje sou. Ainda bem que encontrei alguém que dá sentido para toda esta busca.

Este momento meus queridos amigos, pais, familiares, amor... é um momento muito especial. Portanto, meus queridos permitamo-nos, pelo menos neste instante, desacelerar a cabeça, olvidar os aborrecimentos do cotidiano e entregarmo-nos ao total regozijo que esta confraternização merece. Se ainda sim a tristeza insistir, beba mais um gole, pois o wiske é literalmente de vinte anos.

Hoje tenho em mim uma atípica felicidade que não ocorre toda hora. A felicidade de ver os nitecentes olhos de meus pais traduzindo a imensa alegria e satisfação de ver uma etapa da minha vida concluída. A felicidade de ver nos reverberantes olhos de meus pais a projeção de um sonho e a premiação pelos seus sacrifícios, que não foram poucos!

Hoje a felicidade que em mim emana brinda com louvor pelo reconhecimento das madrugadas que passei em claro e pelos meses que trabalhei de domingo à domingo sem parar para custear meus estudos. Com pesar, porém, brinda a tristeza, tristeza que não abandona meus olhos quando estes perscrutam as janelas do mundo, pois a conclusão de um curso superior é um privilégio de não mais de cinco por cento da população brasileira. (mais um gole de wiske)

Talvez alguns de vocês, em seus abscônditos julgamentos, questionem o porquê da escolha de meu curso (filosofia). Neste mundo cheio de números por que pensar? Talvez, a primeira vista, a filosofia pode parecer ingênua como a escolha bucólica de um romântico. Sê ingênua por que muitos filósofos da nossa história foram condenados à morte, por que a filosofia foi silenciada no Brasil nos tempos da ditadura? Perigosa é esta tal filosofia! Por ela entendo e a conceituo como a busca da verdade à luz da razão. Digo busca e não chegada! E esta busca da verdade (do grego aléthea) deve ser pautada pelo diálogo, pela tolerância e pelo respeito. Do contrário rende-se ela aos mesmos enganos das mentes embrutecidas que a condenam.

Agora alguns de vocês devem estar pensando:”-Menos wiske pra ele”!!

Continuando minha fala, quero enaltecer aquilo que muitas pessoas têm como um ornamento em uma cerimônia, falo do JURAMENTO que cada profissional profere ante o recebimento do seu diploma. Quantas mazelas que maculam a sociedade seriam resolvidas se cada profissional lembrasse constantemente do juramento prestado?! Nossa sociedade enfrenta de séculos um conflito ético onde o perjúrio parece se sobrepujar à palavra dada. Ainda bem que no breu da imensidão de um túnel escuro o mínimo sinal de luz conduz ao caminho certo (entendam caminho certo sem radicalismos e imposições).

Dito a real importância que um juramento tem, convido meu pai para selar este momento comprometendo-me a honrar cada grama de ouro que a sua mão honrou com este anel que agora troca de mão, mas não de sentido.(ANEL DE FORMATURA QUE PERTENCEU AO MEU PAI.\ “palmas”)

Incomensurável é a honra e a responsabilidade de tê-lo em meu dedo. Agora poderia eu encerrar este discurso se não tivesse mais alguma coisa para celebrar com vocês (mais três goles caprichados de wiske e música de fundo). Enganam-se os que pensaram que viriam apenas em uma festa de formatura, se a Paula quiser e o seu José permitir os anéis do nosso noivado estão em meu bolso (perplexidade, choro e alegria)!