MALDITA POPULAÇÃO DE RUA
Quando a fome aperta,
O olhar desespera em alerta.
A dor adormece a fera,
O triste destino de quem dera.
A solidão, a raiva, o medo,
Talvez seja seu pior enredo .
Não tenha pressa, afaimado!
A alma ressequida é o seu legado.
Pessoas te olham com desprezo.
Quem lhe sentenciou tal peso?
Hoje não haverá ajuda.
Sua condenação condiz a Judas.
Não bastasse tamanha agonia,
A fome, o frio perpassa a ironia.
A única ideologia de quem pede,
É fazer das ruas o lar, sua sede.
Desprende-se desse corpo roto,
O mundo jaz lhe tem morto.
Bendita seja essa vida desgraçada.
Cuja morte sorri e viver é um nada.