Desconstrução

Nem sempre a poesia é riso

Quase sempre ela é estrondoso grito

As vezes a poesia pra ser sentida

Tem que rasgar, sangrar até às visceras

E o dito poema assemelha-se gemido

Uma dor descomunal que ecoa bramido

Do clamor que vem da alma eremita

Que desconstrói sínteses e utopias

Lágrimas secas que estampam um papel

Regem emoções, do ser comum ao menestrel

Nem sempre a poesia tem um afago

Tantas vezes é nada mais que um triste fado

É a crueza do desejo ardente

Intríseca voz dissonante quase carente

Impávida, libertária, que afronta e desfere

Abruptas palavras mortais que ferem

Nem toda poesia entoa todo louvor e lirismo

É nada além de letras ilegíveis de um desatino