Paradoxos do poeta

Na folha parda eu faço um traço...

Na vida dou sempre mais um passo

Da escrita tenho feito minha subida

Para conter a tristeza das despedidas

No papel eu amo à toa...

Na vida amo paredes e masmorras

Pelos poemas eu vôo numa boa...

O que pela vida bebi de água salobra

Da dobra eu faço um barquinho...

O barquinho no sonho navega

Pelas esquinas caminho sozinho

Buscando somente carinhos

Na vida eu não faço nada...

Senão senões e à deriva trafego...

Pelos encontros e desencontros

Procuro realizar o que proponho

Entre papel e vida, lápis e poeta...

Misturam-se na visão consumista

Pelas letras palavras e versos...

Gritos, gemidos, sofridos, transversos

Do nada de repente surge um arrebol...

Que depois é fraco no escuro do quarto

Onde povoa e entoa cantos e loas...

Para chegar ao coração de uma leoa

Às vezes imagens vêm, a folha sobre o criado...

O lápis guardado... À espera de ser lapidado

A alma ri e chora com um punhal no peito...

Atinge o fulcro do poeta com sua angústia

Onde se veste e se despe nas buscas...

Da amada que o espera mesmo nas trevas

O barquinho deslizando oceano abaixo...

O sonho se esvaindo para todo lado

Assim perfazem o curso e os percursos

No uso e desuso dos próprios recursos

Duo: Nalva & Hilde

Ednalva Ferreira e Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 22/06/2008
Reeditado em 22/06/2008
Código do texto: T1045909