O papel e a vida

Os senões estão sempre surgindo...

Contemplando mais não do que sim

Tateando seguimos na escuridão!

Tentando encontrar a solução...

Ouvimos paredes e vemos zumbidos

Apagamos as frestas da porta

Estragos que fizemos nas encostas

Todos entornados... Janelas afora

E se sozinhos nos entregamos

Vamos ao sono que nos distrai os sonhos

Logo vemos o pranto que se desmancha

Lá no traço que surgiu do passo insano

E claro fica, e noite fica, e o dia...

Que não vem no punhal singrando...

Vida no redesenho do coração

Amedrontado que não mais chora...

Se das negras nuvens não emana

A chuva que seca a ávida sede

Da penumbra se batem as paredes...

Pelos sonhos, janelas e amanheceres...

Dia vem... Tanto quanto desejares

Amanheça um dia sequer que seja!

Para ter a luz do sol flamejando...

Pelo calor que de mim não se aquieta

Como preciso que essa noite passe...

Ou que eu finalmente durma ou desfaleça

Para que descanse da lida e a paz se faça

E o barquinho não se derreta neste oceano

Intenso e implacável siga pelas ondas o plano

A rota marítima... Driblando os desenganos

E o traço supere esse frio que me abraça...

E vença essa noite triste que não passa

Feita de saudades e fartas melancolias

De falsos arrebóis... Poesia e céu que dói

Sem estrelas e vidas em vão... Que corrói

Assim... Entre o sono e o cansaço... Durmo!

Duo: Nalva & Hilde

Ednalva Ferreira e Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 22/06/2008
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