Amor, Dor, enfim Esperança

Dor:

Canto a morte em sua ronda eterna,

Quando me embalo no balsamo maldito.

Amor:

Danço amor de pele nua,

Como quem baila em delírios.

Dor:

Não verei nada senão o salão ao final, deserto...

E minhas pernas tremulam de frio.

Amor:

Ao vazio preencho com meu ruído,

Ao frio me trago em vestias de Sol intenso.

Dor:

Sou filha das lágrimas...

A noite é meu guia.

Amor:

Então és irmã da alegria...

À noite te guia, sim te guia.

Mas quem te ilumina é a Lua.

E eu estarei em ti até nessa hora

Pois sendo Sol, tenho por minha esposa a Lua.

Dor:

Não tires o que de mim já me pertence...

O coração é inaudível aos seus cantos,

Mas convém aos meus lamentos...

Sou a rainha que tudo finda...:

Amor:

Nada tiro tudo levo,

Nada nego.

Modifico, toco, trago e me apego...

Se lamentos deseja...

Então aos seus me uno, não tiro o som, somente os mudo.

Se de fato és rainha,

Então me prostro súdito.

Mas dos meus impostos... arrecadará não só meus frutos,

Carregarás em sua coroa

Meus amores, miúdos, miúdos.

Dor:

E o verdadeiro vilão, pois o mundo é cruel,

Mórbido e inconstante.

Tua inocência traz a todos a desculpa...

E no final só lamento aos meus braços...

Renego ti!

Amor:

Nesse mundo de crueldade,

De moços e vilões,

De morbidez e inconstância,

A inocência e o perdão

Nada, nada mais são do que nomes de danças.

Se o lamento está em seus braços...

Conduza como deves.

Invada seu espaço, possua seu corpo,

O mira no profundo do seu olhar:

E eu dançarei ao redor, com a felicidade...

Mas nada tema oh! Dor:

Porque ao final do baile

Serão somente seus meus ardentes lábios.

Dor:

Escute o penar ao longe

Meu delírio é constante

Pois vem de mim meu filho rancor...

Dançaremos então nesse baile de mascaras.

Amor:

Oh! Dor desvairada! O que foste tu fazer?

Avisei-te para que não desses ouvidos a mentira,

Rolou nas dunas da loucura...

E embrenhastes como um animal no cio,

Agora me apresenta o seu rebento.

Assim seja minha amada!

Assumirei o seu pecado...

O embalarei durante a noite,

Mas o rancor carregará também meu nome,

Será Rancor de Amor Perdoado...

Dor:

Nunca fui somente dor,

Já vi ao menos um dia a alvorada e seu entardecer...

Es minha sina te digo...

Suportar o que ao mundo não convém.

Amor:

Já basta de sandices!

O mundo nada nos traz...

No mundo nós criamos,

O que queremos buscamos.

Calo teus lábios dolorosos,

Tomo posse do seu todo,

Possuo-te,

Possuo-te,

E te consumo...

Afinal minha Dor, sou tua cura!

É do meu gozo fértil,

Que te banhas e se deita plena...

Sussurrando que ao Amor,

Somente a ele, entrega-se.

Dor:

Tome de mim oque ainda é humano...

Torne-me seu cálice...

E te direi... Em um sussurro breve:

Que um dia já fui tua...

E hoje aqui me encontro.

Um astro doido a boiar,

Pela ânsia de te mirar em outros mundos...

Querer-te e te querendo... Tornei-me o que me banha sempre...

Amor:

Ah! Buscas-me tão distante...

Quando me encontro em Ti,

"verás-me em todos os olhares, ouvir-me-ás de todos os lábios"

Dor repousas agora...

Seu Amor vela por ti.

Por Antônio Soares(Dor) e Princesa Lara(Amor)

Princesa Lara
Enviado por Princesa Lara em 22/06/2008
Reeditado em 22/06/2008
Código do texto: T1046644
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.