Entre os véus da Ilusão

Uma mansão de sonho... Em seu pleno abandono

Transmuta e esconde a essência do seu interior

Dominando a cidade em seu brilhante torpor

Onde habitam seres a desvendarem segredos

Deslumbrando em plena beleza obscura e vazia

Tudo àquilo que foi transcrito de forma vadia

Querendo corromper e iludir a beleza da poesia

Pedras luminosas e brancas, ilusão de inocência

A alucinação e a armadilha velando seu segredo

Retirando e despindo as tuas máscaras e degelos

Nos seus véus e manto pretos voando ao vento

Escancarando os teus jogos insanos e profanos

Acariciando e enfeitiçando suas paredes brancas

Prostituindo as molduras e os centros das pinturas

Mostrando suas mil faces na sua serena miragem

Cheio de intenções fétidas... Grosseiras e selvagens

Hoje te olhando nos olhos... vi as tuas entranhas...

E a visão do sórdido se pôs e contrapôs sua sanha

E entre os teus versos vi passar tua mera imagem

Nefasta...Corrompida... Travestida! Horripilante!

Nos véus diáfanos e negros dos sonhos... Lágrimas

Mentiras, despistes, dissimulações, textos infames

Que falam do amor... Palavras que dizes sagrada!

No fundo espelham uma alma impura e suja

Quanta falsidade meu querido, detrás da máscara

Que relutas em ocultar os vermes que o corroem

Que vestes com tanta vaidade mostrando o amor

Mas ao mais simples contato aparece o desamor

Quando eu somente vejo a tua ilusão fragmentada

Perseguindo... Sem conseguir destruir a alma alada

Encobrindo essa tua face rasgada... Repleta de dor!

Vejo o desvario... Tentar eliminar o melhor valor

Teu nome, ainda ontem a minha mais bela canção,

Que ouvia com redobrada atenção e sentida devoção

E hoje somente um vazio tão longe de nosso ardor,

Porque compreendi o tempo perdido do meu calor

Meus olhos, meu amor, não mais carregam a paixão

Conseguiste com tuas maldades retirar a excitação

Por quem, um dia acreditei ser a minha eterna sina

Despreendi os meus melhores sentimentos e ações

Tua mansão de sonho!... Um pesadelo desvendado

Você só era fachada... Ao adentrar vi outro mundo

Eu nunca pedi teu coração, nem magia, nem ouro

Entregaste-me de bandeja decepções feito tesouro

Somente quis viver nosso paraíso de vera felicidade,

E constatei que habitas na escuridão das falsidades

Somente tu! Sem mentiras... Tu, em tua nua verdade

Poderás corrigir o que resta do caráter de dubiedades.

Duo: Salomé & Hilde

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 17/07/2008
Reeditado em 17/07/2008
Código do texto: T1084828