A rima da tormenta-José Ribeiro Zito/Maria Thereza Neves

A rima da tormenta

José Ribeiro Zito

A rima é a minha tormenta.

Os versos não!

Os versos são como um rio,

Os meus braços na água,

Os meus pés no chão.

A rima é só a minha falta

De talento e imaginação.

Os versos não!

Os versos são uma cheia sem ruído,

Uma vaga de sentido,

Um pouco de calor,

Saudades do Verão e já no Verão

Inverno já caído de frio.

A rima é a minha tormenta.

Os versos não!

Os versos são a frescura

Desta corrida passageira

Que é viver pra logo morrer,

Uma brisa fugidia da secura

Onde maduro o grão,

Da seara à eira,

Malhado de ternura

E desfeito em pó

Moreno de brancura

Se dá em pão.

Portugal/18/09/08

&

A rima da tormenta

Maria Thereza Neves

Muitas vezes também me atormenta

Os versos voam das mãos!

Correm na amplidão

deságuam como rios

criam mares, oceanos

abrem mil horizontes ...

A rima me desafia

cometo erros no fim das linhas

Os poemas livres não!

Deslizam com suavidade

verdadeira teia de renda,de seda.

Enfrentam todas as estações

aquecem invernos,sonham sóis

desabrocham outonos, primaveras.

Muitas vezes também me atormenta

Os versos voam das mãos!

Como fosse uma suave melodia

vivem, morrem,renascem fantasias

dando vida ao pó, a areia

acordando ,dando alma

a cada vislumbre do olhar

a cada encantar, cada amar.

Brasil-18/09/08

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 18/09/2008
Código do texto: T1184306