Córtex.-Gerson F. Filho./Maria Thereza Neves

Córtex.

Gerson F. Filho.

Se muito embora, fosse, todavia,

E, contudo a raiz do discernimento,

Moraria eu na lágrima da elegia,

Nadando na dor deste momento.

Onde a norma se mutila na forma.

E o conceito estripa o argumento.

Viver para ver se assim transforma,

Um clamor no tal do sorriso sereno.

E então com a inumação da dúvida,

Mata-se a certeza na morte súbita.

Pois essa frase não pode ser oração.

Apenas um suspiro de um demente,

Que traz um coração inclemente,

E tentou com amor fazer uma canção.

&

Córtex.

Maria Thereza Neves

Muitas vezes ,eu diria com certeza,

Sou casca , sou crosta sem raízes ,

Perdendo a essência da natureza ,

Numa ambigüidade e deslizes.

A cada momento perco o verbo ,

Os conceitos,as fantasias, os sonhos,

Esqueço de mim em mim a ermo ,

Sem conseguir decifrar caminhos.

Como eu fosse a última poesia ,

As últimas palavras, o adeus ,

Deixo-me escorrer na maresia...

Evaporando na amplidão ,

No que me negaram as mãos,

Vou morrendo na solidão !

13/10/08-19h27

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 13/10/2008
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