Marcas - Damião Araújo e Marcas - Giovânia Correia

Marcas

Damião Araújo

Hoje resolvi olhar-me de perto

Analisei bem o meu presente

Encontrei marcas estranhas

Como se não fossem minhas

O meu futuro só amanhã saberei

Ontem conheci o meu passado

Mas hoje estive olhando mais de perto

Conheci as marcas estranhas

São os acontecimentos da vida

Mas eu sei que as marcas estão em mim, para sempre

Mas não eram minhas

Eram suas, meu amor

Eu não quero, tu não queres

Mas eu não consigo te esquecer

A culpa é sua

Por deixar suas marcas permanentes

Hoje descobri uma forma de fazer sumir

Todo sofrimento que deixastes

Uma maneira infalível de apagá-los

Demorarei seis séculos para exterminá-los

Se até lá estivermos vivos

Mostrarei a nós dois que posso

Daqui até lá, escrevo, conto, rio, poetizo

Amanhã apenas serei poeira solar levada pelo vento

Enquanto isso vou escrevendo.

Marcas

Giovânia Correia

Sou martírio, sou tormento.

Sou tristeza, desilusão.

Vivo em contínuo desalento.

Sou uma fria solidão.

Nada sei, nada sou.

Nada tenho a ofertar.

Só a mágoa que ficou.

Só a vida que não há.

A alegria desapareceu.

A tristeza me dominou.

Já nem sei quem sou eu.

Já nem sei se existe amor.

E as marcas vão ficando.

Como sombras no sem fim.

E, a vida vai me fechando.

Me trancando dentro de mim.

Quem não entende de sofrer.

Quem não sabe da solidão.

Nesses versos não vai perceber.

As marcas de um coração.

Pra mim nada tem sentido.

Tudo ao redor é só ilusão.

Só eu sei o que tenho sofrido.

Nas garras da ingratidão.

Meus sonhos desapareceram

Meu destino se perdeu.

Sou aquilo que esqueceram.

Sou o nada no apogeu.

No meu peito sinto bater.

Em compasso lento o coração.

Cada pulsar traduz um sofrer.

Frio, inerte, sem salvação.

E, a vida vai me levando.

Sem eu ter por onde ir.

E, acabo por fim chorando.

Já não posso redigir.