O diálogo dos corações

Nesse mar em convulsão e nesta noite de completa agitação, inebriado estou com as lembranças que chegam aos borbotões, invadindo os porões do meu ser e me chamando.

Melancolia dispersa no confim da tua sina, rompida pelos acordos dessa implacável emoção que teima em romper essa tua harmonia, dada no dia em que percebi as amarras em que nos envolvemos, fruto do enlevo em que nos enlaçamos como prisioneiros da poesia.

Fogo lento quase apagado, mas hoje renovado em sua nova euforia, que vai queimando pouco a pouco por dentro o sossego da tua alma dilacerada que só se aquieta no aconchego do meu abraço, carente dos teus agrados e enlaços a dominar todo o espaço por onde passo, devorando a tua alma que não mais dorme e some na plena agonia de me sentires de novo no completo das minhas veias...

Uma febril presa, presa na teia da minha alquimia!... Um corpo sem trono delirante e trêmulo perdido no mar do abandono e dessa plena nostalgia!...Quando sou eu que quero me soltar de ti e não consigo, como se estivesse amalgamado nos tentáculos de uma musa medusa que me seduziu levando-me a maior das loucuras, sem que sequer as saudades possam me desvencilhar dela.

Ah! Amor por que voltei! Se o nosso conto já estava quase encerrado, tua cicatriz quase fechada quando é preciso pagar esse preço para que possamos ter de novo o apreço do amor pleno de um novo começo.

Por que de novo contaminar o teu sangue com o meu inigualável veneno que releva ao implacável desordenamento, quando temos que passar por isso para encontrar quem te leve e eleve ao paraíso, sem nenhum aviso e de lá te mantenha viva e esperta a quaisquer improvisos que te livre de algum malefício.

Por que acorrentar-te de novo a essa ilusão virada insaciável paixão... Por que, fomentar teus sentidos com esse sentimento desmedido, esse vício que te obriga a beber do meu eterno absinto deixando teu ser completamente faminto, quando essa fome que te consome não é diferente da que alimenta a minha sanha de tê-la presente como fonte da paixão insana que me queima por dentro rasgando as minhas entranhas, me tornando um náufrago afogado carente dos teus agrados.

Nas noites de total escuridão acalentarei este teu corpo delinquente que teima em recordar essa estonteante emoção que lavra o inteiro do teu coração e apagarei esta dor dilacerante que dispensa toda e qualquer razão e sempre estarei em ti e por ti para saciar a tua sede louca das mais alucinantes carícias que disponho no furor do meu corpo, perpassando por minha pele sem parar nas esquinas, nas curvas e nos labirintos do que sinto na mais pura emoção de estar junto contigo.

Secarei as tuas lágrimas algemadas que é a ciente presença desta dor que na sua sentença tornou o teu coração bandido num simples mendigo do amor e me transmutarei, de um simples e reles vagabundo, mendigando a riqueza dos teus carinhos para depositar em ti a nobreza do meu amor mais intenso e adormecer a sã esperança de me doar por inteiro esquecido de toda dor da tua sofrida ausência.

Dueto: Salomé & Hilde

Inspirado nos versos da poetisa Salomé que trabalhou comigo e autorizou o dueto. Fonte original em “Coração Bandido” publicado no link: http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/1394012

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 21/01/2009
Reeditado em 21/01/2009
Código do texto: T1395925