Asas brancas - Graça Ribeiro /Maria Thereza Neves

Asas Brancas

GRaça Ribeiro

Eu sei de angústia do mundo dos delírios

do lamento que despe a máquina de branco

quando registra solidão e se dobra ao meio

Sei também que não existe o tempo perdido

o silêncio tem a voz aguda para quem sente

o destino refletido na sombra de um espelho

No íntimo somos crianças buscando um colo

um amor que cuide da nossa noite sem medo

ande ao nosso lado sem ferir a face do sonho

Sei que existem mil formas de viver a vida

uma é encontrarr beleza na flor do asfalto

que veste ternura no poema de Drummond

Ninguém é uno pois somos divididos em nós

no encontro da nascente na serra e no desvio

bebemos água no revés da correnteza do rio

Não há desvario no olhar que quer unir lua e sol

ainda assim persiste a vontade de reter a infância

para não se perder como quem partiu no caminho

Há várias maneiras de se sentir querido e amado

uma é permitir que o outro se aproxime sem culpa

e encontre o amor na música que extrapola o vazio

E o amor quando toca é porque está desvendando

todo o potencial que a poesia permite aos loucos

que se vêem livres nas asas brancas de um verso

&

Asas Brancas

Maria Thereza Neves

Eu sei quando o branco é vazio de sonhos

quando as nuvens se vestem de algodão

tentando aplacar a solidão dos bancos .

Sei também que os caminhos tem curvas

sempre algo encontrarei em outra curva

o poema reflete espelhos,mesmo em águas turvas

No fundo ,bem dentro , a infância acorda

passos idos ,sorrisos ainda ,sempre vivos

sem magoar o agora, poesias do futuro .

E sei que nada terminha nesta terra

a vida rompe como a flor ,do desterro

nas asas dos sonhos a poesia se eterniza

Somos partículas entrelaçando laços

rompendo, unindo elos , mil pontes

percorrendo mundos ,abrindo horizontes.

Não,não há como desunir estradas da vida

elas a nos volta como um rio algum dia

lapidando, reconstruindo o que foi perdido

Há momentos de refletir, de perdoar

dividir ,multiplicar estrelas, de se doar

encontro de almas para o coração aportar.

O sentimento é puro quando a sensibilidade

a poesia com ternura prega a igualdade

e os versos livres assumem asas de liberdade.

29/09/09

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Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 30/09/2009
Código do texto: T1839450