ENTRAVES
(Inspirado no poema "Questão sem Questão", de Kathleen Lessa)
Minha fala trava,
Mas minha alma não cala
E sempre meu olhar entrava
Entre o deve e não deve
Das mãos querendo bulir
E o coração querendo
Fugir, ou fingir.
A dor do amanhã
É não saber do hoje
Se hoje não doer,
Depois fazer o quê?
Meus pés...
Estão rés ao chão
E quem diria,
Meus passos são rodados
E minhas alpercatas
Precisam de ar comprimido,
Às vezes vão
A 25 kilometros
Num caminho comprido.
O absurdo e perceber
Que o amanhã
Pode vir vazio
Das coisas que hoje
Deixei de fazer,
A vida fica por um fio.
Aí é que a gente
Num anda mesmo,
Até em sonhos
Fica a esmo.
O mundo...
Gira em torno de si mesmo
E de outros
Será o tempo?