insones
não sei dizer esta cor de olhar
não sei falar destas ruas
é a cidade um agir congelado
e as pessoas tão cruas/ tão cruas
a praça me olha/ de ossos abertos
:
invoco um nome e quebro o silêncio
que há em todas as ruas
e a chuva cai sobre o asfalto
como lágrimas dispersas em dor
‘pessoas tão cruas’ dissolvem-se
feito palavras soltas e nuas
e este olhar em fundo falso
espreita :
ruas de obstinados segredos
embriagadas de ais e calafrios
ruas em solidão...
‘a praça me olha/ de ossos abertos’
fria/ tão fria e muda
[Rodrigo Z. & Márcia Eduarda]