Soneto para um sonho não sonhado
Há tantos sonhos ainda não sonhados
Plenos de tudo, passam derradeiros
E os medos que se escondem sorrateiros
Abrem os olhos antes bem vendados
Bem que eu queria o sonho como causa
Adormece sabendo da ânsia mais louca
A festa, as vozes, gentes e eu tão pouca
Sabendo ser um sonho, fui a falsa?
Vestir a doce fantasia sem perfume
E ser instantes seres antes vistos
Até ouvir o sino e perceber o lume
Ah, meus sonhos, tão serena insisto
Em só viver e pertencer, costume,
De longe ao léu ser teu fogo e risco.
Jaqueline Aisenman
Poetisa,escritora e editora do Varal do Brasil
Muitos sonhos para serem sonhados
Repleto de tudo, passam por último
E os temores se escondem manhosos
Olhos abertos antes muito fechados
Gostaria que o sonho fosse uma causa
Dormir com certeza do anseio, loucura
Faces, as falas, gestos e eu quase nada
Sentindo ser um sonho, pura falsidade
Cobrindo com a fantasia sem perfume
Por um momento ser, seres antes vistos
E ao ouvir sons do sino e sentir o fulgor
Os meus sonhos,tão ternos persisto
Em viver sonhando e constantemente
De longe amado ser o teu fogo e risco
Varenka