Amor as Cegas - Maria Marta Cardoso/Coração Vendado Lúcio Reis
Escuta, amor
Vou falar do meu amor
Não quero nada
Só que você saiba do tamanho do meu amor
Fica despreocupado
O amor que sinto é o que tenho de melhor
Não precisa ficar com dó.
"É amor"
Amor de juventude
Amor de gente grande
Amor de velhice
Amor enraizado
Procriado, posto à prova
Amor sobrevivente
Amor de abrir mão
Sem chorar a liberdade, pensando só na felicidade.
Amor marcado.
De sorrisos dados
De lágrimas derramadas
De noites reviradas
Mas é amor
Não é egoísta
Não tem máscaras
Resistiu as mágoas, resiste a dor
Amor de peito aberto
Guerreiro
Não morre.
Só fica machucado
Amor sem cobranças de tolerância
É este o meu amor
Amor puro
Amor de verdade
Amor de cuidados
Amor já sangrado
Mas batizado de amor "Sagrado"
Esse amor tão cultivado e por mim eternizado
Enfrenta tudo,
Se brincar enfrenta a morte
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Coração Vendado
Lúcio Reis
Com os olhos do coração vendados
Vi e senti do seu amor o tamanho e espaços ocupados
Feliz e tranquilo retirei a venda para todo ele poder sentir
Ver com os olhos do coração
Dele toda a imensidão
E de mim passei a sentir compaixão
Por que antes para ele faltou-me a visão
E por tanto tempo vaguei em vão
Sem perceber que ele não tinha idade
Não tinha chão
Era infantil e em seguida experiente
Num instante lento e no outro pura velocidade
Passante de vários mundos
Conhecedor de todas as verdades
Testemunha de traições
Lenço que enxugou lágrimas de corações
Na juventude sem limitações
Divagando em várias direções e plenas liberdades
Deixando marcas ou traços sentimentais
Em noites intermináveis
Situações e relações fatais
Momentos indecifraveis
Resistente
Convincente
Amor pertinente
Demasiadamente amante
Cuja arma empunhada
É o carinho para pessoa amada
Tolerante não porta magoa
Ao sangrar banha-se na lagoa do perdão
Mansamente a espelhar a paixão
Que tudo pode recompor
Estancar qualquer dor
E tanto tempo houve, passou
E com o coração vendado
Pela veracidade e intensidade desse amor
É que consegui ver e sentir-me um ser amado.