O HOMEM PSICANALÍTICO
Por França da Silva e Cornélius 0. Ezeokeke
Não depende de nós ‘ser’ ou ‘não ser’. Somos independentes e totalmente dependentes de um ‘ser dominador e superior’ que habita dentro de cada ser humano. O ser humano é, assim, consciente e inconsciente de suas ações. Consciente porque tem conhecimento de todos os seus atos, pois são uma fenomenologia mental que se processa no aparelho psíquico, aonde tomamos o conhecimento. Mas podemos não ter essa consciência, uma vez que os conteúdos de tal conhecimento se encontram numa outra estrutura psíquica chamada de ‘inconsciente’, cujo conteúdos são frutos de repressão (encobrimento das idéias ou dos atos).
Portanto, diante da questão: O homem sabe o que faz? Sim, embora os verdadeiros motivos de suas ações podem não estar acessíveis no momento por algum motivo emocional ou psicológico, tais como medo, vergonha, trauma de infância, trauma por acidente, etc. De acordo com os estudos de Freud, para isso deve-se reconhecer também a existência de uma outra estrutura chamada de ‘pré-consciente’, que refere-se ao sistema onde permanecem os conteúdos acessíveis à consciência.
O homem às vezes faz o que não quer fazer devido à decadência da sua existência, pelo egoísmo ou mesmo porque quer, apesar de às vezes aparentemente não apresentar os motivos. Mas o certo é que ele tem os motivos dos seus atos (encontrados no inconsciente). Por isso que é importante o autoconhecimento em que se deve buscar se conhecer, pois só assim o homem decifrará o por quê de suas ações, tanto conscientes como inconscientes, boas ou más, justas ou injustas, etc.
O homem só tem consciência de quem ele é através da conscientização adquirida por meio do autoconhecimento (consciência própria), ‘altero-conhecimento’ (consciência do outro) e da sua realidade circundante (consciência social, política, econômica, espiritual, ecológica, etc.). O ser humano é, assim, consciente e inconsciente de suas ações. Ele entra em conflito consigo mesmo, quando na sua puberdade surge a consciência que existe um ‘ser” criador do céu e da terra, e que o ser humano é sua criatura, e lhe deve prestar reverência, respeito e obediência e que existe o bem e o mal.
Então, o homem se pergunta: Como praticar o bem e fazer a ‘vontade’ de Deus? Praticar o bem é um ato consciente e pode ser entendido desta maneira práxica: se conscientizar moral e eticamente, pois a mensagem divina gira em torno da vida humana, e o seu bem-estar. Sem o amor ao próximo, não é possível praticar a ‘vontade’ de Deus, haja vista que só se conhece a Deus quando conhecemos e nos solidarizamos com o homem, feito à imagem e semelhança Dele.
Não há como falar de Deus, sem falar no homem; e não se pode falar do homem, sem falar de Deus, pois Deus é ‘antropomórfico’. Quem serve ao homem, serve a Deus; e quem serve a Deus, deve servir ao seu ‘irmão’. É assim que se pratica o bem e se faz a ‘vontade’ de Deus: sendo solidário ao sofrimento do outro e se sensibilizando e compreendendo a limitação do ser humano.