Diga-me, a que?

A que, me imolar, sustentar-me á antitese, de facto, absurdo,

Reputar um “dogma”, ínfimo, que por tão pouco, não me coube

Temendo inexistentes leis, por (que) migalhas imprestáveis?

Entregar-me como pedestal de um nado-morto,

por sobre um lodaçal

A que, nutrir-me de uma dor estranha,

repetir atitudes, gestos, maneiras,

Navegar o vazio, naufragar na escusa...

Para passar a vida esquecendo o que intento esquecer?

A que, sustentar fragmentos, estilhaços, amor sem volume,

Remotos carinhos, refugos teus donde hão de vir?

A que? Diga!

Para ouvir a voz ecoar da pedra, mentira crua, tua.

Responder às carícias malogradas.

Consolar-me á desdém de tuas juras?

A que, dar-me a um ser ausente, ser-le-ei pessoa ou absorvente?

Transigir-me com teus abrolhos, ser-te um escárnio.

Converter meus pensamentos somente em ti, ser só.

A que? Para ver meu ramalhete, a ti despojo

Te sujar o chão de perfume?

Diga-me, de que vale,

Tornar-me as pétalas, que teu ser pluriforme,

vexas por entre as ruas, telhados e cantos?

A que, me quedei de mim, por ti, fiz descaso do meu eu.

Diga-me, a que?

"Dila Santos e Junior A."

"Fora uma honra participar deste texto poetisa."

Junior Antonio
Enviado por Junior Antonio em 15/01/2007
Reeditado em 15/01/2007
Código do texto: T347527