Breve Intervalo - por Edna Frigato e Marcelo Braga

A folha em branco

Coisa que não uso mais e

Que ainda insiste em

Ocupar minha memória

Chama-me, incita

A deitar sobre ela

Não meu corpo cansado

Mas minha febre poética

Voraz, indômita, perplexa

Em frenesi me acena, delibera

Anulando-me daquilo

Que despretensiosamente

Chamo de sapiência

Esse desejo auspicioso

Ferve-me as entranhas

Estranhas e desconhecidas loucuras

Num furor desavisado, incompleto e

Completo de minhas ausências

Inspira-me desejos

Sobejos e visões que

Entorpecem minha razão

Quando achei que a possuía

Que a tinha sob meu domínio

Eu como bicho humano

Daqueles que andam com dois pés

Desabrocho sobre ela em versos

Anulando o intervalo entre

O sôfrego aspirar de

Minha boca e coração.

(Edna Frigato e Marcelo Braga)

Edna Frigato
Enviado por Edna Frigato em 14/03/2012
Reeditado em 14/03/2012
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