Ocaso de um verso triste/ Lamento melódico

Ocaso de um verso triste

Lizete Abrahão

Se eu amanhã me for, o tempo é a mortalha,

Meu corpo nu volta nu de onde veio,

Nada mais a cobrir-me, a noite me agasalha.

E não lamentem, vou feliz com o que creio...

É meu ocaso, hora em que quero dormir

Por trás das tardes dos meus dias exauridos.

Que seja cor de sangue o véu a me cobrir,

Igual às nuvens sobre os mares incendidos...

Silêncio é o que peço, não quero blasfema,

Para eu poder ouvir o canto de um pardal.

Esqueçam preces, diga um poeta um poema,

Na sua voz, serei princípio e meu final...

Quando eu me for, e pode ser amanhã mesmo,

Saibam que deixo aqui meu único lamento:

O de ter sido um verso branco escrito a esmo,

Sem poesia que me seja luz ao relento

28.03.07

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Lamento Poético

Angélica T. Almstadter

17-04-07

Quando você se for, farei vígila poética

À meia luz, velarei baixinho sua partida.

Buscarei nos folhetins hegemonia estética,

Versos e canções derramarei da boca pálida.

Quando você se for será como uma tarde;

Que se vai lentamente soprando perfumes,

Será enquanto a fogueira ainda arde

Queimando entre incensos o meu ciúmes.

Entoarei cânticos em lamento melódico,

Até que o céu chore uma chuva miúda

Como um brinde de quem lhe saúda.

Quando a terra envolver meu suspiro,

Levando embalsamado seu singelo sorriso;

O silêncio varrerá tudo que for preciso.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 18/04/2007
Reeditado em 18/04/2007
Código do texto: T454615
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