Um passo dado: uma lágrima vencida

Um ambiente sem gritos

Ando numa escuridão

Com lampejos de brilho, como de vidro

Estou com uma agonia que não sai

Busco paz

Sei de minhas dores

Estou dentro de um fogo

Formado de ódio alheio

Um verde quase preto

É a escuridão de minha essência

Um abismo negro e profundo

Está agora a meus pés

Agonizante momento

Que se eterniza em meu pensamento

Sou toda tristeza, dor e lamento

Risco no chão uns versos tortos

Mas as chamas os consomem

Nem a poesia quer ser minha companhia

Sinto-me só, sem paz nem alegria

Há uma estrada atrás de mim

Mas não me volto para olhá-la

Apenas pressinto que, se seguir por ela

Não terei mais a chance de me encontrar

Toda minha vida é esse eterno meditar

Nunca sei ao certo que caminho escolher

Se ao abismo me lançar

Ou pela estrada da perdição seguir

As labaredas crescem à minha volta

O calor é infernal, parece que irei derreter

Em meio às chamas avisto alguém

Que me estende a mão e me chama

Reconheço meu amigo sombrio

Aquela ave feita de versos

Que sempre me auxilia

Em meus momentos de agonia

Então pego em sua mão

E juntos nos lançamos ao abismo

Fugindo do fogo da amargura

Avistamos, voando em nossa direção

Enquanto caímos, de mãos dadas

Um pássaro gigantesco

Que nos salva da terrível queda

Levando-nos agora em suas costas

Essa é a ave da esperança

Com suas penas coloridas e belas

Dando-nos mais uma chance de viver

E aliviando nosso agonizante sofrer...

FRANCIS E CISNE NEGRO

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 15/05/2007
Código do texto: T488140