Tarde fria – Um duo

Fim de tarde.

Infinitamente tarde.

Que faço do amor

que não se finda

com a tarde.

Como a tarde.

É o entardecer, o ocaso

Por do sol sem alarde

Anuncia o anoitecer

Venta forte! A alma sente!

E chora lágrimas comoventes

Dos sonhos que não se acabam

embrenhados na tarde que se vai,

se esvai.

Sem piedade, sem aviso, ela sai

e a nostalgia que fere, cai

como fino punhal

trazendo o final.

O enredo é tão deprimente

Faz-nos sofrer intensamente

Será mesmo que já é tarde?!

O que restará de lembrança

Por toda parte

o amor invade.

Sem saber que já é tarde,

sem saber o quanto arde

quando é infinitamente tarde.

O poeta reluta e não se abate

Pensa, reflete, questiona...

Ele quer provocar o debate

Pesquisa no mais profundo da mente

E à tarde finita e fria

se alastra pela noite

sem sonhos, sem poesia,

inexorável e vazia...

Pela pele só o delírio do calafrio

Que judia e promove arrepios

O que nos reserva a madrugada vadia?

Só o açoite gelado herdado da tarde?!

Ou a luz da alvorada trará alegria...

E pelos cantos o amor se anuncia

pensando que ainda é cedo,

que ainda é dia...

que ainda cabe no curto espaço de tempo,

que cabe à tarde

que se finda,

levando toda magia.

Carmen Lúcia & Hildebrando Menezes

Navegando Amor e Carmen Lúcia Carvalho
Enviado por Navegando Amor em 25/04/2015
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