O cais do corpo

O cais do corpo

Teus olhos de tantas névoas,

tantas poeiras incertas... tão certas

Teus olhos tão cheios de medos,

incrédulos desejos, fantasmas,

E teus defeito que me alucinam

e fazem-me te amar mais e mais.

Teus rios que perderam as direções

entre ventos que eram nossos.

Tuas mãos trêmulas

nas certezas tão frequentes,

inquietudes das mentes.

E encontro entre as tuas névoas

os meus desejos,

e entre os teus horizontes,

os meus destinos já traçados

Esta ponte ambígua e una,

que redireciona os sonhos.

E eu fico preso na amplidão dos teu olhar

que entra fundo no meu coração.

Escrevinha minhas paredes

como se eu fora um papiro

Me rasga, queima, apaga e reescreve,

como se eu estivesse mais além.

Donde vem tuas caravelas?

Sinto a tua presença mais próxima

e quero teu abraço morno.

Já navegamos demais

por entre mundos

de sonhos e saudades.

Tantas estradas percorremos juntos

Aceitando nossas diferenças.

Já nos perdemos

e nos encontramos

em equadores curvos...

Já nos olhamos em becos,

e em camas, e em berços,

nossos olhos são muitos...

Fica comigo e eu ficarei contigo, sempre.

já fiz minhas escolhas,

já escrevi minha página principal

preciso de você,

para meu mundo ser completo.

E nesta incompletude nossa,

tão abissal, quiça o universo resolva colar os cacos

e construir um vitral...

Minhas mãos são as tuas mãos..

Tua boca é a minha boca...

E num beijo, voltamos ao começo.

Márcia Poesia de Sá e Paulo Moraes.

Márcia Poesia de Sá e Paulo Moraes.
Enviado por Márcia Poesia de Sá em 16/12/2015
Reeditado em 16/12/2015
Código do texto: T5481571
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