TRANSFORMAÇÃO (Cisne Negro/Gladys)

Um mar numa tarde branda

ao longe uma sombra sem rumo

fogo insessante na alma

um lamento que ninguém escuta

Bruma que reveste o orvalho...

Algo incerto no abismo sem prumo

caminha no prado entre as flores de outono

leva-o bem perto...leva-o bem longe

ondas lavam os pés cançados, descalços...insones

Um medo laranja domina

esquecimentos barulhentos o atormentam

Formiga o peito, a dor é vermelha

no pensamento negro, sonhos ediondos

entre o mar e o prado vai...contido

um desejo proibido

vencido...adormecido

Um animal o vigia no frio cortante

rasteja entre as flores

medo

Um tremor de um segredo descoberto

Outrora encoberto o faz lembrar:

Ah! Os teus braços...abraços

Lágrimas trancadas emergem

límpidas, transparentes a lavar o rosto

suspira e observa além do mar e do prado

gaivotas entoando um canto...como um fado

o brilho da faca o fascina...

domina

e quase automático observa um escorpião

sintomático

vermelho pardo, furioso mar

rasga, corta, rasteja

seu líquido rubro com gosto de ferro enfeitiça

se sente feliz com o possível fim.

em dueto

Cisne Negro e Gladys Ferreira