VINGA-TE ! PERDOO-TE

VINGA-TE !

José Geraldo Martinez (IN Memorian)

Amada minha, não sei o que faço!

Nesta noite tão triste, só minha,

onde o valente despede o macho...

Escuto tão somente o eco dos teus passos...

Nunca me viste chorar?

Senão o machão de toda hora

que por muitas vezes teu amor jogou ao chão,

dando-te as costas e indo embora!

Ah, se estivesses aqui...

Poderias conferir!

As lágrimas que derramo incontroladas,

bebendo salgadas num triste elixir...

São de pura saudade...

Puro arrependimento!

Sem ti? Sou apenas metade!

Braços estendidos ao vento...

Em minha insensibilidade,

galguei altos degraus por este mundo...

Fui da realidade um fugitivo!

Construí castelos enormes de areia,

na ilusão de tantos amores furtivos,

até que sobre mim apenas o céu existia!

Além do sereno que me consumia a saúde...

Os braços de uma calçada em noite fria,

de onde tentei me levantar e não pude!

E, era tão simples a nossa casa...

Tão quente e acolhedora!

Alegre a nossa pequena sala,

onde do amor foste zeladora...

Tão florido nosso jardim...

Com ibiscos vermelhos cobrindo o muro inteiro!

Rosas em tom carmim, misturadas às brancas

por todo canteiro...

Não me bastou o amor que me entregavas!

Muito embora pensasse que te amava do meu jeito...

E, te amava ( não sabia),

até que a solidão gritou alto em meu peito,

a minha alegria na alma jazia!

Nem sei onde andas...

Onde te encontrar?

Com sorte o vento levará esta carta

e alguém possa te entregar...

Sou vítima de mim mesmo!

Dos tantos erros cometidos...

Adianta dizer que te amo?

Agora , entregue ao chão e mendigo...

Mendigo do amor que não tenho

e não soube te oferecer!

Muito embora te amasse .

ainda que não pudesse parecer...

Eu era macho, não te esqueças!

Entrego-te neste momento um punhal afiado!

Vinga-te, pois...

Há tempo ! Ainda respiro!

Pela vida que eu te arranquei o brilho,

toma, crava-me!

Faze-me ignorado!

PERDOO-TE

Célia Jardim

Eu te amo e isto me basta,

para não te guardar qualquer rancor...

Conheces-me e sabes da minha alma casta,

jamais me vingaria de quem só sinto amor!

Erraste sim, cometeste enganos,

agiste guiado pela tua condição,

um homem que não fazia planos

e tantas vezes meteu os pés pelas mãos!

Mas eu jamais te condenei,

assim te conheci, livre e desprendido,

assim ao meu lado te aceitei,

sem que nada me tivesses prometido!

Sempre soube que um dia partirias,

a buscar novos prazeres, emoção,

a mesma certeza eu tinha que voltarias,

quando a vida te devolvesse a razão!

Hoje me dizes a tua verdade,

sinto-te inteiro, embora te sintas aos pedaços,

isto me enche a alma de felicidade,

saber-te com saudade dos meus braços!

Eles são teus ainda, teus somente

e te esperaram ansiosos a cada dia,

no desejo de ver-te sóbrio completamente,

livre da cegueira que te consumia!

Sei que me amas e sempre soube o quanto!

Tu não sabias, mas descobriste

e se nunca desesperei e caí em pranto,

é porque o meu amor é daqueles que a tudo resiste!

Crês ainda que eu me vingaria agora de ti?

Vingar-me do que? Mais que tudo desejei tua vitória!

Ah, meu amor, venceste teus abismos e eu te quero aqui,

para juntos escrevermos uma nova história!

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Célia Jardim
Enviado por Célia Jardim em 20/05/2019
Código do texto: T6652056
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