Eva - Com Gabriel Zanon Garcia

A tarde que retumba os vãos sabores,

a mesma que me traz as alegrias,

sussurra bem baixinho dissabores

e arrasta-me por foscas rodovias...

Conquanto os vastos campos incolores

dominam minhas ânsias mais sombrias...

Harpejo tantas odes de temores

que verto sangue pelas áureas vias...

O verbo que macula toda a gente,

o mesmo que nos traz alguns delírios,

congloba toda a astúcia da serpente

lançando-nos em pessoais martírios.

Jazendo errante em minha sombra ausente

— a tarde e o verbo são amargos lírios —

ofendo a luz em teu silêncio ardente

nos descaminhos fúnebres dos círios.

E em versos esta horrenda e insana treva

que arrastas pela senda mais soturna...

Conserva a monstruosa e quente ceva

no canto d'ave tétrica e noturna...

Perdido nesta noite em ti, ó Eva,

apenas vejo a sombra taciturna...

Contemplo o teu poema que me eleva

e calmamente fecho a tua urna.

* Versos Ímpares por Gabriel Zanon Garcia

* Versos Pares por Gustavo Valério Ferreira

*Versos decassílabos

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Interação do poeta Jacó Filho

Afetam-nos voz e fatos,

Só ao autor, conscientes,

Cuja força, vem do gargo,

Pro estrago ser potente...

Gustavo Valério Ferreira e Gabriel Zanon Garcia
Enviado por Gustavo Valério Ferreira em 01/06/2020
Reeditado em 19/06/2020
Código do texto: T6964869
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