MENTIRA (Ternurinha & Ronaldo Honorio)

Passeias desmedida flagelando corações
Levantas labaredas, sucintas fantasias
És pétala rosada de perenes ilusões
Em lábios escarlates, como fina iguaria

És doçuras e delícias na trama do teatro
Redemoinho de cenas, papel principal
Atuando na soberba e esplendor de um astro
Tão faceira e adornada por supérfluo arsenal

Vives no fragor das horas mortas, dissimulada
Esfinge de braços abertos engolindo o segredo
Pobre caule florido em almas desertificadas
Deleita-te em vã glória e apodrecido vinhedo

Vives as fantasias dos sonhos usurpados
És ligeira como um raio a se propagar no espaço
Inclemente e impiedosa como lança de um dardo
A beber dos inocentes a candura de seus laços


 Edith Lobato


Emplumada serpente em púrpuro veludo
Duas cabeças, fel, ego mor, sem cauda,
Tua língua personifica o veneno agudo,
Em desérticas esperanças traça tua lauda.

Suave, aproximas-te com o sorriso juvenil
E os morto-vivos famintos por ideais, tu afagas,
Te aconchegas entre os inocentes, ar infantil
E destroças tuas crenças com profundas chagas.

Habitas sorrisos cândidos e provas de fino vinho
Dos miseráveis de espírito, amenizas a realidade,
Fúngica, mofada, ganha corpo no burburinho
Subjetivada como artimanha da casualidade.

És fácil, meretriz viciada ou nobre madrasta
Consomes suave e ardilosamente a integridade,
Cancerosa tempestade em escuridão nefasta
Esfacelas o sonho, destilas o amor, tinges a verdade.


Ronaldo Honório




* Quero agradecer à poetisa e escritora Ternurinha a oportunidade
da parceria nesse dueto. Sinceros agradecimentos.







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Ronaldo Honorio e Edith Lobato
Enviado por Ronaldo Honorio em 01/12/2007
Reeditado em 21/11/2018
Código do texto: T760786
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