Sonolentas preces

Sussurrava sonolentas preces

Tinha nos joelhos incuráveis cortes

Dos estilhaços da própria crença

Sangrava o beijo amargo à própria morte

Nas mãos a amálgama dos versículos

A obscura forma do desespero

"Livrai-nos do mal amém"

O reflexo do escarro alheio

Vil obscurantismo, fé degradante

As mãos acinzentadas, uma benção

Gritava “Jesus Voltando” para o nada

Mirava o infinito, na certeza da salvação

Rasgos na carne, a dor do cilício

Uma entrega, sacrifício bizarro

Simão Cirineu levando a cruz do Salvador

Mas, levava apenas o alheio escarro

Tim Soares e Maria Donizete
Enviado por Tim Soares em 01/02/2023
Código do texto: T7708767
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.