Palavras são “nadas”

Palavras são “nadas”

Nas coisas ditas

Apagadas e deletadas

Das mentes fechadas

Das manhãs acordadas

O que nós temos?

Nada!?

Nas pontes

Nos montes

Nas faces ocultas

Palavras que lutam

E permutam

Desejos secretos

Sentimentos concretos

Ações abstratas

Palavras que você não tem

Nem mais ninguém

Nas respostas que não vêm

E nem convém

Mais buscar

Pelas frestas que escoam

Pelos íngremes começos

Pelos tropeços

E o tênue apreço

Que você me suscita

Isso me inquieta

E me possibilita

Te dizer claramente

Que em mim você não habita

Mas fenece

Como quem padece

De uma dor infinita....

Agora eu te quero

Amanhã não mais

A fila anda

Você fica atrás...

Agora eu te ligo

E digo:

Seja capaz

De não vislumbrar futuro

Nem rumo, nem prumo

Apenas um “não-sei-que “

Que satisfaz

Não é nada

E é tudo

É um imenso e profundo

Mundo

Pra gente perceber e entrar

É só você querer

Nada temer

Nada buscar

Simplesmente se arvorar

Sem pistas, sem rotas

Se perder em mim

Me achar em você...

Mesmo sem crer

Mesmo sem querer

Mesmo sem se envolver

Mesmo sem deixar

O sentimento crescer

A porta da ilusão abrir

A janela da emoção pular

Sentir o coração bater

Sem ânsia de te consolar

Eu sei que um dia o fio vai partir

E nada podemos fazer pra evitar

O peso da solidão sentir

O preço da liberdade pagar

Será que eu posso

Deixar só o tempo passar?

Deixar evoluir

Ou deixar naturalmente morrer?

Ir ou vir

Ficar ou assumir?

Esquecer ou continuar?

Fingir que não dá

Que o tempo é escasso

E a relação sem espaço

Pra crescer e se espalhar...

Não sei

Não dá

Pra decidir sozinha

Por isso vou ficar na minha

Até você se pronunciar...

Será que mereço?

Sim!

E se depois a dor

A desilusão for o preço

Não vou reclamar

Tudo na vida é assim

Um constante antes e depois

O que esse “durante” pode nos ensinar?

Guel Pinna

07/03/08 07:53h

E o poema do Julio Nessin que inspirou esse...

O título não tem nada a ver... mas é :

Palavras que falam caladas

Nas salas

Nas matas

Nas noites embaladas

Palavras que calam faladas

Nas ruas

Nas praças

Nas caras enjauladas

Palavras que não falam

Dos calos que não calam

Das dores que não param

Das respostas que não vêem

Pelos medos que se têm

Pelas peles e pelos

Corpos em apelos

No puro ar...

Ventos por trás dos muros

Nos furos...

Nus em apuros

Um casal no escuro...

Agora eu quero

Mas não procuro

Por um futuro vago

Quanto é?...

Apegos que têm preços

Eu pego...

Eu pago

Será que mereço?...

Julio Nessin