MEU HOMEM DE CONTRASTES

Sempre busquei alguém sensível que gostasse de dias chuvosos, sem medo de se molhar;

De manhãs frias e os seus pés aos meus se enroscar.

Que sentisse prazer em caminhar na areia da praia;

Ao final da tarde que sentasse à beira mar, estando vestido a rigor, mesmo que a chuva caia.

Queria um homem que escrevesse poesias, que as recitasse pra mim;

Que me fizesse sua musa inspiradora, mas não me endeusasse;

Mas simplesmente me tratasse;

Como se trata uma mulher, deixando o meu rosto carmim.

Queria que ele, vez por outra, aceitasse;

O meu desafio de andar de ônibus lotado;

E com todo o cuidado;

Que atrás de mim se posicionasse;

Não permitindo que ninguém além dele ao meu corpo encostasse.

Missão impossível? Não;

Malabarismo e contorcionismo de quem ama e zela pela segurança da amada do seu coração.

Queria um homem que adorasse tomar sorvete de frutas regionais, mas não de forma tradicional;

E com um jeito bem original;

Que os tomasse sobre o meu ventre, seios e púbis... Lambendo, sorvendo cada gota que ousadamente tentasse cair.

Mas que tivesse a habilidade de não se perder nenhuma porção, e todas quisesse usufruir.

Ah! Como queria alguém que andasse de mãos dadas comigo;

Um amante ao estilo antigo;

Que na descida e subida da escada pudesse me amparar;

Que abrisse os caminhos para eu passar;

Que andasse pelo lado de fora da calçada

Para eu não correr riscos, sentindo-me sempre amparada...

Queria alguém que por minha saúde zelasse...

Que ao ligar para falar de amor, também perguntasse;

Se eu tomei água, por saber que eu tenho dificuldades de fazer de forma natural;

Que se tornasse amigo de meus amigos, e sem nenhum constrangimento, pedisse a eles que me fizesse beber pelo menos um copo todo dia,

por estar distante e não poder fazê-lo como queria

...Ah isso seria muito legal!

Hummmmm, queria um homem;

Que me pedisse em casamento, querendo que eu tenha o seu sobrenome;

Que gritasse o meu nome;

Dentro do carro, atravessando o túnel, na praia, no supermercado, na gruta, na praça... Rindo e chorando ao telefone;

Mas que ao gritar, aliviasse a falta da minha presença física e a saudade que lhe consome.

Queria um homem que cantasse música de amor, de ninar;

Mesmo que a sua voz não fosse, aos ouvidos dos críticos, mas que aos meus, soaria como música celestial a me encantar.

Queria um homem que dançasse para mim;

Apenas pelo prazer de me fazer sorrir de seus gestos provocantes, me deixando muito a fim.

Queria um homem que me fizesse carinhos, que me beijasse tanto, tanto, tanto;

-Ai meu Deus, onde é que ele se desliga eu diria...E não achasse o ponto em nenhum canto...

Que eu nem conseguisse respirar...

E que ele passasse a sorver da minha boca, como se eu fosse o seu próprio ar.

Queria um homem que antes, durante e depois do amor sexual;

Continuasse como o mesmo brilho no olhar, com a mesma boca faminta, e o seu sexo, embora lacerado, satisfeito, não fugiria de mais um ato bem ao natural.

Utopia? Não, fato...! Com ele eu até perco os meus sapatos.

Queria um homem de contrastes...

Que me jogasse na parede, me fizesse subir de costas, como lagartixa;

Que puxasse os meus cabelos, como crinas, galopando qual um cavaleiro sobre a égua, num páreo onde apostaria nele todas as minhas fichas.

Que inventasse posições dignas de kama sutra mesmo que depois sentisse dores nas costas.

Que me lambesse as ancas, passando a língua como um pincel;

Que se encaixe entre as minhas pernas sorvendo o meu mel.

Me deixando desfalecida de tanto prazer;

Que me fizesse chorar repetidas vezes, mas não de tristeza e sim de puro êxtase, e tão cedo não poderia esquecer.

Queria, quero e quererei sempre esse homem, pois ele existe no meu mundo da imaginação;

E é a pessoa que está comigo;

Meu homem, meu herói, meu amigo;

Que escolhi para trilhar o meu caminho, é o amor que sempre esperei e me apaixonei, é o meu Leão;

Ao seu rugido, eu estremeço de prazer antevendo os momentos que virão.

Adilene Santos ADI 18/04/08

Com participação do Poeta PETRUS (PEDRO FERREIRA SANTOS)

Adi
Enviado por Adi em 18/04/2008
Reeditado em 19/04/2008
Código do texto: T951748
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