SURPRESA DOS MARES

Comentário de: Jane D´arc, professora da graduação e pós-graduação da Puc Minas; pós-graduada em Estudos Literários, tradutora e revisora. Durante dez anos, foi atriz do grupo de Teatro Mayombe e hoje, atua como sua produtora executiva. A literatura nos tira da vida normal e cotidiana, nos faz submergir em novas e estremecedoras dimensões, levando-nos além do tempo e do espaço. Subimos ao céu, descemos ao inferno, convivemos com fantasmas, penetramos no mais íntimo recôncavo da personalidade humana; alcançamos a imortalidade... E a poesia... Imatéria? Ela nos desassossega, conforta-nos, atormenta-nos, apaixona-nos, perturba-nos. Parece que nos quer fazer compreendê-la, seja de que maneira for, como num ato desesperador de ser decifrada, entoada, cantada, declamada. De tornar-se matéria. Tiago Henrique nos proporciona momentos prazerosos. Com uma linguagem simples, ele nos guia pelo entremeado de sua tessitura, pelo ‘entre lugar’ construído por palavras, deslocando-as, entrelaçando-as, moldando-as, desenformando-as. De repente, o seu mundo, que como o próprio poeta, é singelo, é doce, é emoção, é canção. É preocupação: natureza, amor, desamor; cotidiano, solidão, inquietude; vida. O sonho que não se pode perder. É a arte que questiona; arte que é poesia, que é poema, que é o poeta. É história: “Mas as história que ouvi / Permeiam meu ser / Preenchem minha alma / e de algum modo / Me permitem / Sentir / O que os demais não poderão compreender”.