Liberdade

Um dos bens mais caros a todo ser humano é, sem dúvida, a liberdade. É mister enfatizar que duas são as espécies de liberdade: a interior, subjetiva, e a exterior, objetiva. Esta significa o estado de se estar livre e isento de restrições externas, em maior ou menor grau; é a condição de não ser sujeito a controle ou arbitrariedades; é o poder de exercer livremente a sua vontade, com responsabilidade; é independência e autonomia.

A liberdade exterior vai sendo conquistada à medida que as pessoas crescem e se desenvolvem, adquirem sua independência e autonomia financeira, se desapegam em relação aos pais. No entanto, esta liberdade, tão sofregamente conquistada, pode sempre, e a qualquer momento, sofrer alterações, em virtude dos inúmeros apegos que o indivíduo cultiva durante a vida.

Assim, pode-se observar que a liberdade exterior está sujeita a diversos fatores, como regime político vigente, disponibilidade de bens materiais, profissão exercida, relacionamentos, e tantos outros. Alguns destes fatores podem ser dominados e administrados, enquanto outros não, pois estão fora do controle do próprio indivíduo.

A liberdade interior é infinita, ilimitada, de-pende exclusivamente de cada pessoa, de sua maneira de encarar a vida. E é curioso constatar que a servidão humana mais abrangente, mais aterradora, deve-se exclusivamente aos próprios indivíduos. O ser humano é o maior algoz de si mesmo.

Este fenômeno ocorre em virtude da formação da personalidade, onde estão presentes: a educação, a auto-estima, a confiança em si mesmo, a fé em um Poder Maior. Neste contexto, ainda que as condições externas subjuguem o indivíduo, ele pode sentir-se livre. Ou, a contrário senso, mesmo não existindo fatores externos escravizantes, o próprio indivíduo pode restringir-se a si mesmo, colocando limites em seu poderio, em suas potencialidades.

Para melhor compreender a liberdade subjetiva é preciso trazer exemplos à tona. Veja-se o caso de uma pessoa que está presa a uma cama, em virtude de grave doença. Sua liberdade exterior está seriamente limitada, pois não pode sair de casa, realizar qualquer atividade, ou dedicar-se ao lazer. Contudo, sua liberdade de pensamento, de encarar os fatos, de interpretar a situação em que vive, está inteiramente sob seu controle. Assim, esta pessoa pode sentir-se bem, tranqüila, feliz, ou, ao contrário, revoltada, triste, infeliz, em virtude de sua situação de imobilidade e dependência.

A liberdade é um dos maiores tesouros de que o homem pode dispor. Mas devemos conquistar a verdadeira liberdade, a interior, a subjetiva, a que pode ser vivida e administrada com exclusivo poder pessoal.

Do livro: "A Arte de Viver"

Ramiro Sápiras
Enviado por Ramiro Sápiras em 19/01/2006
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