Poema maior

Se o mundo explodisse agora, talvez, nada disso faria sentido ... É bom, em alguns momentos, não confundirmos certas coisas (por mais que, em outros, certas coisas não devem ser confundidas). Um momento como a ressaca e o dia seguinte. O último será sempre seguinte se alguém der sentido a ele, mas a ressaca não (por mais que alguém faça dela o mesmo do dia seguinte) ela é única e verdadeira – a dor de cabeça pode se transformar num conto relaxante, num momento nu e sublime, propício a ironia. Mas, voltemos a confusão. O beijo roubado de uma ex-namorada, por exemplo. Durante algum tempo, vocês já foram íntimos e, um beijo roubado não era mais que um simples agrado. Hoje, após o rompimento, isso dá cadeia e briga na justiça. Há um enorme debate sobre isso – está nas bancas de revistas, nos jornais e televisão, com, inclusive, programas especializados. Assuntos como esses prorrogam por tempos, e mesas de bares se transformam para dar atenção a essa séria discussão. Pode se dizer que há uma mudança para dar continuidade aos debates televisivos.

É crível perder a razão do sentimento (soa um pouco contraditório isso). O amor acabado vira pó. É chato dar esse sentido ao amor! Concordo com Leminski ao dizer que ele se transforma, pois não acredito que ele seja orgânico, sei que é vivo, mas não material a ponto de concretizar a sua morte. Há vários sentidos para o amor, e isso faz com que ele seja contemplado pela sua diversidade (inclusive amá-lo sem desejar alguém). Abandona-lo é ser covarde, mesmo rompido, uma nova forma de amar deve ser proveitosa. “A mulher que eu ame, seja sempre amada, mesmo que distante” (O. Montenegro). “Meu amor é meu deus” (P. Leminski). Ter controle dele é ter o de si. Orienta-lo é estar confiante.

Amor dura pouco.

É comum para um.

Sua vida, seu sufoco.

Talvez a minha confusão seja a fusão entre vida e amor.

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GN - 11/09/04.