Apelo de um suspiro.

Riscar a palavra INESPERADO e, quem sabe, apostar na torpe e descrente condição de si o DESTINO.

Se o troféu pela minha cabeça fossem gélidas risadas daqueles que um dia amei – se indefinidamente foi isso o que houve – admiração seria um adjetivo excluso de minha balburdiada mente.

Não fui pioneiro na incessante busca por encontrar algo que me realiza-se ao menos num singular e diminuto desejo, tampouco o quis ser. Bisbilhotar páginas digitais pareceu, mesmo que por um clicar de segundos, ser uma compensação abstênica ou uma simples forma de matar-me em mim.

Como muitos, tive a insanidade de redigir contos e juras de amor, e o pior, entregá-las a seus respectivos afetos que um dia cri eu serem merecedores de um sorriso meu. Ledo engano!

Sempre atribui a pequenos pontos de minha imaginação fatos da realidade viva e eficaz. Pra tão somente não me ater a uma desconexa digladiação entre sentimento e razão, finco na madeira branca com carvão liquido o meu céu e o meu inferno ou o inverso, dependendo de como os chamam, respectivamente.

A sangria lágrima que um dia rolou por uma esperança – sentimento mais nobre e puro que emergiu de um olhar sem fé – foi de toda a mais bela. Contudo, não defendo a tese de que a esperança morre somente depois de se contemplar a lenta e sofrida morte de todos os outros sentimentos, e aí discordem ou acordem tal qual seja a sua mais prudente justificativa.

Posso eu matar minha esperança – e neste EU entenda-se o que se for mais prudente e/ou conveniente – mas neste mundo ninguém a abala por inteiro. Tampouco a deixo por último à guerra, sempre tenho como fiéis escudeiros o ódio e o amor, casal mais brilhante, jamais desconcertado.

Hoje tenho que ouvir, mas quem sabe um dia se minha voz ecoar, que não venha a ser como o amargo engodo que me cobre agora.

Que não saia de mim a ordem, mas o exemplo.

Que não seja covarde pra lutar, tampouco super corajoso pra cravar-me a espada.

Se ajoelhar-me, que não seja humilhado, mas que vívido e de pé contemple a vitória.

O tempo é um grande amigo e sei que o silêncio nunca vai me trair.

Pode ser que o sonho e a realidade sejam uma humana dicotomia, mas, se os matrimônios podem ser desfeitos; fotografias, rasgadas; as paixões, esquecidas; feridas, curadas e anéis, recuperados; quem sabe também essa dualidade não cesse um dia.

Ao menos no papel.

Wendel Silva Leite
Enviado por Wendel Silva Leite em 08/09/2008
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