Pontos Culturais

Pontos Culturais

Armstrong

Muitas são as empresas que tentam vender, a todo custo, seus produtos por telefone, mala direta ou outro meio qualquer, oferecendo em troca algumas vantagens que, na maioria das vezes, não são objeto de desejo de seus possíveis compradores ou não parecem seduzir nem mesmo os que poderiam se interessar por esses produtos. Na busca de atrativos que realmente possam motivar os clientes de uma empresa, conclui-se que é preciso, em muitos casos, que se una o útil ao agradável. É preciso que esses atrativos sejam bons tanto para as empresas quanto para os clientes ou seus familiares, para a sociedade ou para o meio ambiente onde esses clientes vivem. Assim, quando um comprador se sentir altamente “recompensado”, mesmo que não adquira o produto, perceberá que a oferta vale à pena e, se pudesse ou tivesse que comprar, não pensaria duas vezes em adquirir os produtos em promoção.

Na letra da música “Berimbau” composta por Vinicius de Moraes percebe-se uma mensagem interessante: “...O dinheiro de quem não dá é o trabalho de quem não tem...”. Esse recado é curto e grosso, já que muitas são as pessoas, empresas e instituições que dispõem de recursos, em suficiência, que poderiam representar o trabalho ou a diversão de quem espera por oportunidades na história de sua vida. Assim, há os que procuram por oportunidades e há os que poderiam criar essas oportunidades. A idéia que se lança a seguir pode ser aplicada em muitas situações, e dependerá da criatividade utilizada em cada caso o sucesso de determinada empreitada envolvendo os dois lados de interesse.

Muitos exemplos de atrativos para os possíveis clientes de uma empresa poderiam ser criados, mas quando o objetivo é de se criar oportunidades, deve-se pensar em alguma coisa que gere essas oportunidades. A idéia de se promover shows artísticos ou culturais pode ser um bom exemplo, e para que essa idéia prospere é preciso associar o acesso à promoção SOMENTE aos que adquirirem os produtos da empresa promotora do evento.

Seja, por exemplo, o caso de uma instituição bancária que possua pelo menos uma agência em cidades onde se disponha de espaço com conforto e segurança para promover, pelo menos, dois shows artísticos por ano, cujos ingressos NÃO SERIAM VENDIDOS, mas trocados por Pontos Culturais, os quais só seriam adquiridos por ocasião da compra de produtos vendidos pela instituição. Dependendo da qualidade da promoção cultural, pode-se imaginar o tamanho do desejo dos clientes em acumular Pontos Culturais, os quais funcionariam como uma verdadeira moeda para a compra dos ingressos de um show. Assim, em um banco, além do saldo em moeda normal, ter-se-ia, também, um saldo em Pontos Culturais, os quais poderiam, inclusive, ser transferidos de uma conta para outra ou mesmo ser trocados por ingressos que poderiam ser vendidos a outras pessoas interessadas.

Basta darmos asas à imaginação para correlacionarmos os Pontos Culturais aos produtos de uma empresa qualquer. Uma empresa de eletrodomésticos, por exemplo, poderia emitir os Pontos Culturais em cartões de plásticos de valores diferenciados, os quais voltariam à empresa após a troca por ingressos para um show por ela produzido. Um Shopping poderia oferecer os ingressos em troca de um valor acumulado de compras em suas lojas, etc. Assim, cada cliente saberia a qualquer tempo qual o seu saldo em Pontos Culturais; quantos ingressos poderiam ser adquiridos; em que show decidiria gastá-los; etc. Por outro lado, os artistas de uma maneira geral, poderiam ter a certeza de que viveriam tempos de muito trabalho, inclusive em diferentes regiões do país.

Assim, as empresas teriam a certeza de que ofereceriam aos seus clientes, em troca de compras, algo que realmente a eles interessaria. Quanto mais qualidade fosse dada aos shows promovidos, maior seria a procura pelos Pontos Culturais.

Se imaginarmos 20 empresas utilizando essa prática em cada cidade, teríamos atividades em suficiência para músicos e seus auxiliares, artistas teatrais, palestrantes culturais, etc.; a indústria de turismo seria altamente estimulada; os artistas de um modo geral teriam muitas oportunidades de trabalho em diferentes regiões do país.

Por fim, pode-se afirmar, as novas gerações sonhariam mais em ser profissionais das artes, certos de que valeria à pena se dedicar ao maravilhoso mundo dos palcos. Pouco custa tentar.