NA ERA DO DESRESPEITO

Aqui peço licença para pegar carona num interessante chamado da Rádio Jovem Pam de São Paulo, que no ar lança o seguinte questionamento:

"De quem seria a culpa pelo "vilipêndio" praticado ao Hino Nacional, nos campos de futebol, por ocasião dos jogos?"

E logo a seguir enumeram várias instituições às quais poderíamos imputar as tais das responsabilidades.

Peço licença para discordar quanto às imputáveis responsabilidades.

A tempos que venho matutando sobre algo que é fato: parece que vivemos na era do total desrespeito.

A quem mora nas cidades grandes, tal constatação não é novidade.

Penso que nas cidades menores talvez o fato não grite tanto.

Ainda outro dia um amigo me contava duma cena que que viu no METRÔ de São PAulo, quando uma senhora da terceira idade pediu a um grupo de adolescentes para sentar-se.

Pelo que entendi alguém deveria ceder-lhe o lugar, embora seja eu da época em que automaticamente se levantava em situações como essa.

Um dos componentes do grupo respondeu-lhe:

-Ah, mas a senhora já se sentou muito na vida! Agora é a nossa vez!

Deus do céu, fiquei perplexa, e tive vontade de contar-lhes o ocorrido e hoje me surgiu a oportunidade de citá-lo nesse meu ensaio.

O fato é que, de fato, as filas andam, mas o desrespeito...esse voa!

Noutra ocasião, alguém também me relatava que dia desses tentava adentrar a sua agência bancária para um saque de emergência e a porta, como sempre, se travou.

Depois de muito insistir para entrar, acabou por chamar a polícia militar, que apresentou-se ao local rapidamente e pediu que a porta lhe fosse aberta.

E sabem o que aconteceu? Nem a polícia convenceu o segurança do banco a abrir-lhes a porta, pois o mesmo alegava que cumpria ordens.

Um BO foi registrado na delegacia mais próxima, e o saque não foi feito nem na presença da polícia. Pode?

Nem os clientes e nem a polícia entram nos bancos por aqui...só os assaltantes!

Eu mesma certa vez ao entrar numa agência sem bolsa para que a porta não apitasse não pude ser atendida pelo gerente, pois teria que provar que eu era eu.

Bom, tá certo, vivemos num mundo difícil mesmo, vai que eu não fosse eu, afinal, hoje em dia ninguém arrisca no bom senso, ninguém arrisca risco algum em prol do outro, o outro que se dane! - mas ainda sonho existir um lugar no qual nossa palavra tenha algum valor!

E nas escolas, lembram-se com era?

O Uniforme tinha que ser impecavelmente limpo e os sapatos engraxados.Lembro do meu pai cuidando para que os meus sapatinhos brilhassem...todos os dias!

E hoje? Uma avacalhação! Vi numa reportagem recente que uma diretora atual resolveu vigiar e implorar para que os alunos erguessem suas calças, pois ninguém estava muito interessado nas bolinhas ou listrinhas das suas cuecas.

Quero dizer...ninguém, assim como nós, gente da velha guarda! Porque agora é tudo possível.Ir pelado à escola é cult!

E quem for contra é processado por preconceito!

Tempo modernos e difíceis...não acham?

Meninas expõem seus "piercings" nas escolas e nas aulas, enrroscam as línguas no metalzinho para se comunicarem (?) e desfilam como vitrines vivas, muitas vezes sob os olhares orgulhosos dos pais, e os professores aguentam de tudo, interrompidos pelos celulares em plenas aulas, enfim, viva a era do desrespeito e da falta total de postura!

Isso sem contar a onda de decadência de tudo quanto é instituição, digamos...ao menos as mais clássicas, que deveriam ser modelos de respeito e credibilidade.

E agora acredito ter chegado ao nosso MARAVILHOSO HINO NACIONAL.

De repente, a perguntinha básica da rádio Jovem Pam e suas proposições de responsabilidades..

Caberia aos pais, ao Ministério Público, às autoridades policiais ou à justiça, sei lá a quem mais, o fato do Hino ser vilipendiado?

Não, acho que não cabe a nenhum dos citados em questão.

Cabe, sim , à sociedade como um todo!

Penso que o desrespeito pelo qual passamos, em tudo, é um produto sociológico, cuja culpa está na forma como a própria sociedade trata e conduz a questão da educação e formação dos seus "cidadãos"!

Embora acredite piamente que o exemplo também venha de cima!

Quando no plenário do Congresso Nacional vemos parlamentares às gargalhadas, mesmo em plenas CPIS, aonde enquanto um discursa o outro atende o celular,com a própria Bandeira NAcional ao lado, acho que já está respondida a questão.

Vivemos um crise de desrespeito por tudo e por todos!

O famigerado salve-se quem puder.

É bom que se diga: NACIONALISMO vem de berço, e talvez não se ensine, me parece algo plantado na alma com exemplos básicos, a bem da verdade.

Uma sociedade que não respeita a si, não pode se identificar com seus símbolos sagrados, muito menos respeitá-los!

E tem mais: Com a atual estatística aviltante do analfabetismo que ronda os BANCOS DAS NOSSAS ESCOLAS, realmente fica difícil acreditar que uma criança aprenda a respeitar o Hino, se não aprende sequer a cantá-lo(!), uma obra de arte complexa, muito menos reconhecerá que nele está a sua identidade de Pátria e de cidadania.

É extremamente lamentável.

Tenho para mim, que respeito jamais deveria ter saído de moda.

E o nacionalismo também não!