Sob o véu da noite
Angélica T. Almstadter
Cai o véu da noite...vou contar
estrelas no vão da janela...
e brincar de esconde -esconde
com os astros...sou eu a
sentinela
da madrugada...a que vive
enluarada...
enamorada da brisa...
sou eu que enlouqueço
meus medos e
adormeço meus segredos
para cantarolar cantigas...
antigas...
Rasgo no véu da imensidão os
meus áridos sonhos...rego com as
lágrimas noturnas das minhas promessas sentidas...com a minha oração em súplicas...
Transbordo meus mananciais
de sentimentos tolos...secretos...
reviro minha intimidade em uivos
sonoros...verto pelos poros desejos...
choro estrelas no leito da
minha solidão....
No assombro das noites
silenciosas...cubro os olhos
de brumas e sentencio
meu tempo...bebo os vapores
densos do sereno e engasgo com
o orvalho...
Todos os dias deveriam ser
noites intensas...mágicas...
mesmo repletas de nostalgia...
de promessas de sonhos...de
sonhos desfeitos...de sonhos
inalcançáveis...de delírios e
devaneios tolos...
Deito no colo da noite não para sonhar...para acordada ver o tempo passar lentamente...
pela vidraça acompanhar o
mover das horas...o arrepio da
minha pele que se eriça pelo
meu estreito abraço...enquanto
a minha vida
amanhece dentro de mim...sem
que eu possa impedir...
Noite de refúgios e sombras...
abraça meu corpo cansado
e adormece os meus sentidos...
afasta de mim os toques
fingidos...os olhos cingidos
de púrpura luz...me faz chama
constante dessa nesga de
raios prateados...
Acende promessas nesse rosto
sereno...me dá gosto
pleno de vida...
dessa que ainda palpita...dentro
de mim sem esperança de pulsar...