Muito nas noites.

Angélica T. Almstadter

Não creio que acredites que só de bons dias está repleta a minha mesa, e nem tenho certeza de que és absolutamente convicto que as boas noites passeiam cheirosas nos meus lençóis, mas é quase certo que na tua imaginação anjos me despertam tocando harpas e anoiteço envolta só pela brisa noturna...

Quem dera meu dia não fosse feito de rotinas maçantes, de silêncios cortantes e um enorme rio de palavras frágeis...

Assim frustro a expectativa de quem me olha pela fresta e me percebe o perfil diante do espelho entre o silêncio calmo da minha prosa amorosa e o fáctuo fogo da minha maturidade adolescente...

Há pouco a se dizer dos bons dias, já que não estão sobrando nas xícaras, nas fatias já sem gosto da apressado amanhecer...

Muito hei de falar ainda nos boa noites quase sépias, antes da profundidade da noite que mora nos cantos insones do meu quarto solitário...pois enquanto meus dedos não perderem as digitais e se reconhecerem diante das minhas verdades, sem se afastarem na multidão dos Alzimers ...eles estarão afoitos entre papéis, corpos, objetos e um teclado gritando pacíficamente...ou chorando ansiosamente pela vida que escoa sem tempo certo...

E para quem fecha os olhos e sonha com a nuvem de palavras adestradas volitando da minha mente profícua...restará a esperança de bons dias ansiosos, bons dias cheios de temores e deseperanças...assim como boas noites apaixonados como eu, boas noites sensualmente

desenhados pela minha mente voluptuosa e cheia de magia...

Não fecharei os olhos nas noites em que a minh'alma entender que quer ser eterna...nem vagarei pelos dias, quando me pedirem sensatez,

quero a vida aos goles...sem pressa e sem saber os rumos que me aguardam na ponta de cada promessa...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 23/04/2005
Código do texto: T12627
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