a fotografia dos movimentos

nos ficamos frente a frente por que há leveza sempre,habita.nunca por insegurança ou frágil.

ela se diverte com as ondas e ri nos olhos apertando.

o rosto sereno se ilumina com os passeios de águas refletindo,por que todos querem tocá-la quando ela ameniza.suave.

ela nos carrega em seus modos obstinados e,se diverte por meu espanto escondido em ver como as ondas lhe obedecem.

ficamos distantes em pontas,enquanto o barco desliza como se escurregasse-mos no gelo.

gosto quando ela se despe das trevas e pede visitas de amigos.

em seu jeito explosivo de comemorar a todos que a cercam,que a velam,em seus modos de nos levar,enquanto lavamos as pólvoras,do que restou dos combates sem fôlego.

como quando seus músculos impõem coragem enquanto seus olhos acesos em brasa debocham e convidam a gargalhar.

em dias de paz até o vento a obedece,embora rodeie sempre o temor de furacões de última hora.

nos velamos de frente e eu me deixo na beirada.

a desenho despreocupado de justificar,por que é tudo mútuo nas ondas que nos balançam.

seguimos e eu a deixo guiar,obstinados em remar,conter e,obstinados em pintar,seguir.

digo aos ventos que vai chover,e o risco é um brinde ao encantamento,fábrica de gerar tormentas.olhos que nunca escondem intenções,não por incapacidade,mas por que sempre estão a convidar a partilha do que se alimentam.

os primeiros pingos e mais rajadas de fogo das retinas,agora banhada

de sorriso de canto de boca,infantil de armadilha pronta.vem mais risos e despeja gargalhadas,corpo de pé e todos os gritos de todas as vozes,remos nas águas,músculos recompensados,chuva salvadora.hinos e respeitos à todas as histerias dos loucos recompensados.

passado todos os fogos,o artifício deságua em sorrisos entredentes.se rasteja até mim,no extremo oposto do barco,não há palavras na imensidão,símbolos talvez,mas não som.rasteja e mãos nos ombros,olhos nos olhos,abraço e crise de choro.olhos se reencontram e se entendem...é hora do mergulho nú.