DA LUTA NOSSA DE CADA DIA...

Há algo que tem me intrigado muito ultimamente.

Convivo muito com adolescentes, com pessoas de gerações bem além da minha, e é claro, não podemos generalizar, mas me parece que essa geração dos mais novos, a dos nossos filhos por exemplo, apresentam um "quê" de indolência adinâmica que preocupa um pouco.

Parece que falta brilho para as conquistas próprias, aquelas que tanto corríamos atrás.

Não sei, mas me lembro que desde da nossa remota época de estudante do ensino fundamental, já tínhamos um horizonte mais definido.

Hoje, percebo que as gerações andam meio sem rumo ,sem vontades coesas, sem própositos claros.Quase um preguiça mental epidêmica.

Fico me perguntando se somos nós, os pais, que geramo-lhes muitas facilidades, que na verdade acabaram por ofuscar as vontades pelas conquistas.

Ou foi o meio que mudou?

Mas parece que a tal síndrome ocorre independente de facilidades ou não.

Será que o mundo mudou a ponto de desestimular quem mais deveria acreditar?

Hoje me ocorreu algo que aumentou minha inquietação.

Fui ao estacionamento e alguém me perguntou: "vai sair com o carro?".

Atrás do automóvel, uma senhora com ares sofridos, da minha geração e sentada ao chão, separava papéis para uma reciclagem.

Pensei em como os destinos são diferentes...um quase pensamento de ação de graças. Confesso que me senti incomodada com tal constatação.

Pacientemente, ela separava um enorme saco de papéis brancos mesclados a alguns coloridos, e assim que me aproximei me explicou:

-Sabe "moça", agora abaixou o preço do quilo para metade do preço de antes... pagam só oito centavos...mas só para os branquinhos. Os coloridos seguem com o saco dos papelões.

Então parei para um papinho. Disse-me que tem dois filhos adolescentes, de quinze e dezesete anos, aos quais sustenta com conforto, mas que sequer acordam cedo para lhe fazer um café...

-Ficam lá dona, dormindo...acordar cedo nem pensar!

-Estão na escola? perguntei-lhe.

-Sim "moça", mas vivem perdendo o horário das aulas...já estão pendurados em faltas...

Então parei para concluir: .A "coisa" é universal mesmo. Atinge a todos, independentemente da condição social.

A explicação está muito além dos nossos olhos, no obscuro das falácias e das ações políticas, mas com certeza, bem perto dos nossos corações...

Mas...e a solução, estaria ela ao alcance das nossas meras mãos?