A dor do poeta
Angélica T. Almstadter
Quando o homem da paz jejuava...o mundo tremia, tanto ele jejuou..e morreu no campo de batalha...em paz...
Quando o homem da guerra, gritava aos teus asseclas...o mundo tremia...desapareceu em silêncio, o homem da guerra...
Quando o poeta canta tuas dores...a platéia se cala, as dores do poeta doem na alma dos que o lêem... pobre e desgraçado poeta... versejador lírico...esteta da beleza... manipulador das palavras, confrangido de dor, se encolhe dentro do teu mundo; bebe na taça do desamor, da angústia; o mundo, não o vê...
Cante poeta, a beleza da natureza, o encanto dos ventos apressados, o perfume da brisa...cante poeta, os amores dos deuses...sem Romeus e sem Julietas...cante alto teu amor à Pátria, explode tua veia em cânticos e louvores de alegrias...em conquistas...Cante teus delírios, teus desejos, alimenta teu imaginário...
Bote pra fora poeta, tua alma generosa para com os enamorados confidentes...para com os amores carentes...
Cante poeta, teu erotismo sem pudores...exibe tua libido para o deleite dos teus amores dos teus feitores...se busca o aplauso, poeta,...tranca teu peito na ilusão do mundo e joga no compasso dessa dança lúdica...
Mas chores no tablado frio, poeta...se é teu coração, o teu senhor e amo...sangre as tuas dores sem medo das vozes mudas, dos cochichos e sussurros...
Rasgue teu peito sem medo dos olhares mórbidos...aceite as tempestades para lavar a alma prenhe de paixão...grite até enlouquecer os teus ouvidos e cauterizar as chagas...
Não há limites para ti, poeta, és uno e solitário...nas alegrias...nas utopias e nas dores...
Pobre poeta...teus sonhos te acusam...a vida te amaldiçoa...és poeta...só os céus te abençoam...