Minhas Páginas

Diante de alguns momentos de minha vida eu chorei...foram momentos de perdas e de decisões. Quase me debrucei a um sentimento de pura decepção, mas relutei.

Não lembro quantas vezes me culpei pelas lágrimas e quantas vezes me indignei diante da vida que, de certa forma, achava injusta comigo.

Da infância quase esquecida pouco lembro dos dias bons, mas sei que os vivi em alguma fase.

Lembro da jabutiqueira no quintal - dos pintinhos que eu criava como se fossem gentes e das brincadeiras na praça em frente a minha casa.

Foram dias fartos e lindos, vividos em uma cidade chamada Jardim.

Nossa, lembro com clareza dos meus 7 anos, dos amigos, do sitio do pica pau amarelo... das duvidas que já surgiam e da hora do jornal nacional.

Isso mesmo, meu pai fazia questão que todos assistissem ao jornal. Talvez seja por isso que me identifico tanto com as palavras.

Aqueles foram momentos lindos- dias de pura fartura e felicidade . Os problemas? Esses eu não os conhecia ainda.

Dos meus dez anos em diante...

Prefiro pular essa parte.

Talvez alguém pergunte por que, mas não vale a pena contar. Só posso dizer que nessa fase fui apresentada aos problemas que persistiram por alguns anos.

O bom de todos os sofrimentos, das dores e das desilusões é que aprendemos a crescer e a encarar a vida com mais maturidade, é uma espécie de estágio para a realidade.

Tirei proveito disso - hoje não me considero uma rocha-, mas aprendi a juntar os meus pedaços quando sou quebrada.

Mas o bom disso tudo é que quase sempre existe a parte boa da história e em alguns momentos de minha vida, eu sorri.

Foram momentos de recompensas, de sonhos realizados, de sorrisos largos e coração feliz. Lembro do meu primeiro dia na universidade, do meu primeiro carro, da minha quase independência...

Depois disso muitas coisas boas vieram - amores platônicos, amores vividos e amores reencontrados.

Nessa época também conheci dores de diferentes formas, lágrimas de tristeza, de ciúme, de revolta - mas nada muito grave.

Aí vieram as decisões...

A maturidade e a independência nos obrigam a tomar decisões importantes na vida, a escolher o melhor caminho.

Mas tudo bem, isso fazia parte do contexto em que vivia.

Decisões foram tomadas, algumas me deixaram triste e outras me proporcionaram muitas alegrias.

Mas a vida continuava e com ela as surpresas do destino...

Era o momento de amar, de ser amada, de descobrir a felicidade com alguém...

E isso aconteceu e de todas as experiências vividas, essa é a mais recompensadora.

Repaginei minha vida e rasguei as páginas velhas, sujas e amareladas.

E tomei consciência de que Viver é isso: aprender a renovar cada página de nossas vidas.

Ana Clea Bezerra de Abreu
Enviado por Ana Clea Bezerra de Abreu em 27/03/2006
Código do texto: T129135