E-MAIL SERTANEJO

Eu Severina, filha de pai desconhecido,

E mãe, de filhos paridos.

Te digo o que sempre disse e torno agora a dizê.

Garro cedo na enxada,

De buxo vazio e vago pra outro filho nascê.

E antes de me esquecê, lhe informo, caro dotô,

Num sei lê nem escrevê.

Prenho fácil a qualquer hora, bastando me enlouquecê.

Trabáio duro e pesado, não me importando no quê.

Sou Severina sem pai lutando pra não morrê.

No sol quente e no chão seco,

Eu chego a me derretê se um cabra me faz afago,

Daqueles que é pra valê.

Sou Severina de nome,

E muié, de quem querê.

Só quero respeito e carinho,

Por mor di num se aborrecê.

Se fico danada, cumpradre,

De facão, pau vai cumê.

Te sangro na ribanceira, na tocaia ou no corchão.

Mais cedo ou mais tarde tu acaba,

Na ponta di meu facão.

Sou Severina sem pai,

Querendo ti conhecê.

Correspondência para severina@sertão.cão.

Claudio De Almeida
Enviado por Claudio De Almeida em 13/01/2009
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