O "MEU AMOR" ASSIM QUERO QUE SEJA

São 3.40 da madrugada, tomo um drink, acho que deve ser o terceiro e, não é um dry martini, não, não é, esta naturalmente acompanhado por " pont-neuf ". Da janela de onde estou olho para a rua em silencio, não sei bem o que sinto, é um mix, uma convulsão de pensamentos e sentimentos que me invadem, e acabo voando no imaginario do antes, do agora e provavelmente do depois. chove, tenho um enorme prazer ao olhar a chuva cair, acho muito belo e isso me reporta a muitos momentos da minha vida, mas, não faz frio, sopra um vento suave que levanta de leve a cortina da sala, meio que num bailar assimetrico, e toca o meu rosto, arrepiando o meu corpo nu. Sexta é dia internacional da balada - como dizem, mas agora especialmente estou ouvindo um mantra e, estou aqui sozinho, mas, de repente é super bom as vezes ficar so, porque são momentos unicos e as vezes eu tenho essa necessidade, de ficar so. Levo o copo "quadrado e longo" ate os labios,e tomo um gole, o vento bagunça o meu cabelo, e novamente volto a olhar a rua que junto com a chuva caindo mistura-se as luzes dos farois chennon dos carros que passam fazendo barulho da agua no asfalto, deixando faixas com reflexos de luzes coloridas nas ruas molhadas, ao entorno da janela onde estou. Deixei de ir a alguns lugares interessantes hoje, mas, como disse antes as vezes preciso desse encontro comigo mesmo. uma gota de agua caiu do copo e tocou o meu peito escorrendo por todo o meu corpo. Acho que agora posso saber o que sinto ou o que quero, talvez seja saudade. É sim saudade do que ainda não vivi, " a existencia real de um amor".

E... penso de como que desejaria que fosse, quando esse "amor" chegar, surgir, acontecer. Quero que ela me veja "como eu realmente sou" sem mitificações (de mito), sem endeusamento, sem projeções, sei que isso é dificil por que quando a paixão acontece, ela vem com essa carga,com essa bagagem, e, por isso mesmo a maioria das paixões não resultam em 'amor", por que idealizamos, por que moldamos, por que enquadramos a pessoa amada num universo pessoal que a mais extremada lucidez não consegue trazer a realidade de que somos mortais, com erros e acertos.

eu quero que ela me sinta como 'normal' e consiga expressar esse conteudo, como sendo algo forte, profundo, intenso, ate mesmo complexo - para ter as suas variaves, mas, belo, fascinante, interessante, que haja sim um encantamento pessoal, que os sentimentos fiquem hipnotizados, que as emoções sejam arroubos de densos momentos compartilhados, para que os nossos reflexos se transmutem em nossas proprias imagens, e, que isso aconteça muito embora sem que nem eu nem ela saibamos disso, apenas e tão somente vivendo tudo de forma intensa, sem limites, sem redeas, sem cercas, muros, ou barricadas, com absoluta e extremada gratuidade.

Eu quero que ela me veja atraves dos "meus proprios olhos" por que eu a verei atraves dos "olhos dela". E, assim poderemos juntos aflorar uma perfeita complementariedade, uma divina junção de corpo, pensamento, sentimento e emoção, derivando numa intensa comunhão para que os elos sejam juntados, extendidos e alongados naturalmente compondo uma absoluta e irrefutavel cumplicidade, solidificando os sonhos os projetos de vida, convergindo e confluindo na mesma rota direcionados pela mesma bussola, e, exista um conjuminar constante e intermitente, formatando os nossos ideais, e todas as nossas ações, atitudes e comportamentos, para que resulte numa eterna construção diaria - por que o 'amor" é isso, uma eterna construção diaria, atraves de pequenos gestos, sutis gentilezas, demosntrações de carinho, respeito, confiança, admiração, que completam de forma sublime uma harmonização plena, absoluta, e, obviamente resultando em densos momentos de pura felicidade, é onde as metade do inteiro se completam, as almas se tornam gemeas, e ficamos assim amarrados por fortes, profundos e reais sentimentos, de paixão, de amor, e, juntos crescermos como pessoas, como gente, descobrirmos juntos um ao outro - isso é puro encanto - encontrar o fascinio da singularidade do ser de cada um, as limitações, os contrastes, as divergencias, as confluencias, e, sabermos juntos buscar o ponto de equilibrio atando ilimitados 'noz' de real confiança, respeitando as individualidades, com discernimento, lucidez, subjetivando as nossas vontades pessoais, objetivadas num desejo comum a dois, sem anulações, e sim complementação, é emprestarmos os nossos ombros, é doarmos os nosso colos, é ouvirmos com a sabedoria do silencio e falarmos com as palavras certas, não para agradar um ao outro, mas, por que tudo acontece de forma tão natural que o universo se encarrega de conduzir essas ações, sem que a "mesquinhez" dos nossos eus, que esta no recondito dos nossos mundos saiba disso, e, assim acabarmos por saber ouvir, saber falar sem nos darmos conta disso, e fazermos dos nosso risos uma extenção de um prazer comun, que quando os nosso corpos se juntarem, se tocarem, a pulsação dos nossos sexos, se fundirem num so ritimo, e, querermos ficar assim, colados, agrrados, e mesmo depois dos corpos suados, ofegantes, largados, escornados, em pleno, absoluto, profundo e divino orgasmo, permaneça o tesão, a atraçao, o desejo, que ha poucos instantes ao extase do "apos" que ja representa uma etrnidade, voltem a se colarem famintos de desejo, e se devorem de um prazer absoluto, pleno, belo, unico, que o corpo dela so encontra no meu, e o meu corpo so encontra no dela.

e, assim nos apresentarmos ao univeso, com a singularidade natural, inalienavel de cada um, e a representaçao da beleza,vir a consistir na gratuidade dos nossos gestos, que certamente poderão expressar e conter talvez, os momentos mais belos, mais sublimes, magicos e cheios de encanto de nossas efemeras vidas.

mas, se eu aqui sozinho, e ela em algun lugar do planeta tambem sozinha, se nao ou nunca nos encontramos, jamais poderemos eternizar 'tudo isso" que a vida nos oferta como sendo uma elevaçao sublime da "criação" de "vida" de "amor" - e, então os caminhos nunca irão convergir, ombreiar-se, emparelhar-se, eu nunca poderei expressar verbalizar a ela essa visão, conceito, forma de amar, e tambem ela não ira nunca ver o meu sorriso ao me falar qualquer coisa, e nem tão pouco saberemos como sera a expressão dos nossos rostos, quando so nossos olhos se cruzarem.

Continuaremos nos vendo um ao outro com o disfarce natural, com a mascara casual, e a tediosa naturalidade barulhenta e silenciosa de "estranhos que se misturam na multidão"

... A chuva agora diminuiu, olho novamente a rua ainda mais silenciosa, o meu copo esta vazio, os "pont-neuf" permanecram intocados,me afasto da janela em busca de um outro drink, o meu corpo nu ao atravessar a sala reflete as cores difusas dos abajurs acessos, e de volta a janela, vejo a rua outra vez, trago um sorriso de quem ja tomou 7 ou 8 drinks, sorriso ingenou, bobo, talvez puro por tudo o que acabei de pensar.

Agora ouço Blink 182, show, barbaro, genial.

O relogio me mostra: são 5:10 da manhã...

Eh! acho melhor ir para a cama agora...

JORGE BRITTO
Enviado por JORGE BRITTO em 26/01/2009
Reeditado em 27/01/2009
Código do texto: T1405142
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