O teu brincar em mim, releitura!

Ah! Sábio! Eu de novo venho ler-te, e olha o que encontro, você falando da tristeza com tanta ternura, com tanta beleza, tão magistral.

Essa tristeza que invade a gente, sem pedir licença como você, com outras palavras, tão bem dimensionou.

Gosto tanto das tuas letras! Gosto de visitar o teu saber! Providencial hoje, que estou tocada por ela, a tristeza... Que no meu caso tem um por que, tem até nome próprio!

Entendo, perfeitamente, quando você menciona no teu texto “a tristeza é sempre bela, pois ela nada mais é que o sentimento que se tem ante uma beleza que se perdeu...”

Eu te leio e escrevo ao mesmo tempo, pra não perder o gosto das minhas próprias impressões, pra não fugir dos meus pesares, os que já se foram e voltam, e os que estão aqui presentes, e não tenho coragem para revelá-los.

Ah! Quem ama nunca deveria voltar você diz... Eu aqui com os meus pensamentos, revivendo o que não volta mais... Os passeios, as paisagens, os risos, as lágrimas, as mãos dadas, o bater do coração num abraço longo, sentido... Foram tantos, foram tão bons! Foram-se!

Meu corpo também quer recuperar os espaços perdidos, tão claros para mim quando a ti leio. O encontro, os encontros... Foram-se, partiram-se ao meio. Há tempos!

Você sábio, me lembra, nas letras do teu texto que, “a tristeza testemunha que o mistério da despedida está gravado em nossa própria carne”. É isso! Esse gosto misterioso das lembranças, vez em quando vem me visitar e até tenta bagunçar o que aparenta arrumado... Bobagem achar que podemos esquecer, não é?

Tu completas noutro trecho, “tristeza é isso, quando o belo e a despedida coincidem. O que revela o nosso próprio segredo, dilacerado entre o belo, que nos tornaria eternamente felizes, e os nossos braços, curtos demais para segurá-los”.

Eu, neste momento, me esforço para projetar a citação que você faz a Goethe, quando ele utiliza a analogia, pôr do sol, para dizer, “tudo que está próximo se distância”. O pôr do sol pra mim não é triste, e eu não sei se posso me comparar a ele. Mas, você esclarece muito bem que ele, “só é triste porque nos conta que somos como ele: infinitamente belos em nossas cores, infinitamente nostálgicos em nossos adeus”.

Sábio, você me diz no teu texto que, “assim os poetas vão colocando suas palavras sobre o vazio. Não um vazio qualquer, vazio “pedaço arrancado de mim”, mutilação no meu corpo”.

Deixo aqui, mais um registro positivo ao ler você! Até a minha tristeza se alegrou! Gosto demais de sentir as tuas letras escritas no artigo Conversa com o sábio, ainda que não imagine quem eu seja, e que te leio sempre que posso.

Saiba que teus sentimentos expressos nos teus textos, alimentam a minha existência e inspiram o meu modo simples de escrever o que os meus olhos me mostram.

Obrigada mais uma vez por me permitir ler outra linda composição sua! Obrigada pelas tuas letras Sábias, e que me fazem tão bem!

Meu carinho para RUBEM ALVES

Escritor, pedagogo, teólogo e psicanalista

Nasceu no interior de Minas Gerias

Artigo, Quando o belo também é despedida

Publicado na Revista Bons Fluidos – Fev/2009

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 05/02/2009
Reeditado em 05/02/2009
Código do texto: T1423484