poema que não o é

O mundo me joga

me atira, me arranca

me amassa, ameaça e come

deglute, rasga e cospe

o mundo se atira em mim

é bom que seja assim

pois não sendo, eu não teria medo da morte

deixa assim certa marca em mim

e enlouquece minha vida com certas caras e bocas tortas

pessoas andando de lá pra cá

que acham, certamente, que eu esqueci de cumprimentar

(deve ser por essa cara de quem chega pra não entrar)

remoem minhas vísceras deliciosamente

e jantam o meu almoço sem fome e sem peso

e nos botecos deste lugar redondo

entre poças suas e minhas covas

aqui

entre pernas, entranhas e divindades

eu me faço realidade