Então, doutor...
 
 
      Infelizmente, nesta minha vida, muitas vezes me deparei com questões de saúde e precisei consultar um médico e submeter-me a um tratamento. Quando pequena, gostava de ir ao médico e ao dentista; quando adolescente, abominava; no início da idade adulta, gostava de novo (uma forma de fazer a apologia da doença e chamar a atenção sobre a minha pobre pessoa...); na maturidade, por ter convivido com uma mãe hipocondríaca, passei a evitar esse campo novamente. Em todos esses períodos, houve momentos em que não tive escolha e necessitei de cuidados médicos; fui parar em hospitais, quer por escolha, quer por não ter escolha...
 
      Admiro quem se cuida, faz exames de rotina, está sempre tirando uma verruguinha aqui, uma pinta ali, seca as varizes, e faz tudo quanto é tipo de tratamento que envolve a saúde ou a estética. Mas a minha filosofia é outra. Evitar o estresse, buscar alimentação e vida saudável, meditar, ouvir boa música, ler bons livros, cultivar a saúde e não a doença... Sou contra a doença, e venho vencendo as mazelas que ela acrescenta. Não tive nenhum transtorno da menopausa, simplesmente porque decidi não tê-los. Nada, nenhum, embora não seja o caso de entrar em detalhes.
 
      Observo que a indústria médica está ganhando. Cada vez mais as pessoas se consideram donas de seus destinos longevos, graças á ilusão do vá ao médico e previna. Que seja bem entendido que nada tenho contra a prevenção, de acidentes (preocupação de poucos), mas aponto que conheço o Magno de Barros como um expert dessa área... De doenças contagiosas, pelos cuidados de higiene e ambientais e insidiosas, pelos exames necessários e periódicos. Mas vejo a questão com calma e sei que a medicina não me dará a Vida e a Juventude (ah! os hormônios, os potencializadores da ereção...) eternas... Isso só se consegue em outro Departamento.
 
      Outra coisa que costumo observar é um grupo de pessoas cada vez mais influenciada pelo que diz a mídia, sem juízo de valor. Porque a mídia passa boas informações, mas vai muito pelo lado que convém e omite inúmeras péssimas informações. As más notícias que a mídia fornece são as que dão IBOPE e, apenas essas... Já ouvi a seguinte exclamação: este produto está vencido e precisa ser jogado fora (venceu no dia anterior), enquanto a pessoa toma uma coca-cola... As pessoas tem comportamento de bando segundo as tendências de: moda, dieta, tipo de exercício físico adequado, leituras, filmes, músicas, etc...etc...
 
      Mas quando tenho uma dor no dedão do pé e me dizem,  e você não foi ao médico? , fico escandalizada. Procuro observar meu corpo, estar consciente das respostas que ele costuma dar e posso afirmar que não vou ao médico quando não preciso e não deixo de ir, quando preciso.
 
      Não gosto de hospitais, de precisar submeter-me a tratamentos médicos, nem mesmo gosto de colocar-me nas mãos dos médicos e quando o faço, sou questionadora, não aceito uma opinião sem entende-la.
 
      Mas há um tipo de pessoa diferente; um tipo que não gosta de hospitais, exames, médicos, enfermagem, internações... um tipo que quando está doente, espera melhorar para ir ao médico, para não correr o risco de ser internada... Assim, só vai ao médico, quando melhora:
 
    -Então, doutor, tive umas dores agudas aqui, horríveis, tive febre, passei muito mal, doutor, mas agora estou melhor. Vim aqui para que o doutor anote isso na minha ficha e veja o que pode fazer por mim, agora que já posso tratar-me em casa...