DO PESSACH... ÀS POMBAS E AOS COELHOS....

...de hoje em dia.

Embora meu presente título sugira um tema religioso, aqui pretendo apenas fazer algumas considerações da evolução sociológica de algumas festas que marcam alguns episódios importantes da história da humanidade.

Há mais ou menos tres mil e quinhentos anos, portanto mil quatrocentos e noveta e um anos antes de Cristo, houve o exôdo do Hebreus do Egito, quando Moisés os conduziu pelo mar vermelho para que assim não fossem etingidos pela décima praga trazida pelo anjo da morte, na qual todos os primogênitos seriam sacrificados.

A comemoração do PESSACH dos Judeus marca esse epidódio, a travessia pelo Mar Vermelho e segundo alguns historiadores seria , não a travessia dos Judeus, mas sim A PASSAGEM DO ANJO DA MORTE PELO EGITO, portanto uma Páscoa de significado bem diferente da Páscoa dos cristãos, que comemora a ressurreição de Cristo depois da sua crucificação(Paixão).

Para nós Cristãos, baseados na ressurreição de cristo para a VIDA a Páscoa significa renovação VITAL da nossa esperança de vida eterna.

Com a morte de Cristo depois do seu sacrifício pela Humanidade, surge então o Cristianismo, que nos ensina e promete qua a vida ainda não é essa, mas sim a que está por vir.

De certa forma o Pessach dos judeus também simboliza uma nova vida, longe das pragas do Egito, na esperança de que Deus reuniria o seu Povo na Terra Santa.

E como símbolo da Páscoa Cristã, surgiram os coelhos e seus ovos de chocolate.

Os coelhos simbolizam vida fértil, e os ovos, a nova vida que está por vir. E o chocolate...bem, deve ser o tudo de bom!

Atualmente também temos o bolo de Páscoa, a tal da Colomba, quase um panetone reciclado desde o nascimento de Cristo até a sua Paixão, na verdade um bolo de frutas e chocolate no formato de Pomba, uma ave que significa Paz, aliás o que me parece o melhor a se pedir e a se comemorar nessa festa.

De toda sorte, são comemorações que delimitam transformações Teo- Sociológicas importantes, que nortearam diferentes caminhos dos fatos pela história dos homens, mas que deixaram pelo tempo, embora permaneçam como comemorações de raízes religiosas, muito da essência do seu simbolismo, para se tornarem comemorações sociais, de agregação familiar sim, porém muito mais distantes dos seus verdadeiros propósitos na vida diária de cada um de nós.

Para exemplificar, hoje ao fazer algumas compras para a festa, me deparei com algo que me levou à presente reflexão.

Alguém que tentava presentear a muitos, pediu para sua ajudante em alto tom, por isso pude ouvir:

-Olha, preciso presentear "fulana" com uma colomba.Veja a mais baratinha!

Tudo bem, nada ABSOLUTAMENTE contra o barato, estamos em tempos de crise...

Mas o que me chamou a atenção foi o tom.

Melhor seria presentear com uma oração. Qual a simbolismo duma colomba...cara ou barata? Seria o de uma paz menor ou maior?

Percebo que o ato de se presentear inclusive nas festas comemorativas religiosas, me parece que está no automático das obrigações.

Troca-se presentes, apenas isso, não necessariamente votos de felicidade ,de paz e de harmonia.

Depois do Domingo, aposto, será como o "fenômeno panetone" que aqui descrevi. Os preços altos, deixarão ovos , coelhos e colombas estocados aos montes nas prateleiras pela metade do seu preço, só porque COMERCIALMENTE a Páscoa já passou, mas na verdade, sabemos que estará apenas começando..

Porque o Domingo Pascal é justamente o marco dum novo tempo.

Um tempo que começou diferente, baseado no ato de quem deu sua vida na Cruz por um ideal de amor, de justiça, de fraternidade.

Estamos deveras perdidos!

Parece que o recado foi dado...mas pelo tempo foi esquecido.

Foi a impressão que tive hoje dentro do supermercado.

Portanto, aqui não vos deixo coelhos e nem colombas.

Nem caros e nem baratos!

Porque o amor jamais terá grife.

Uma feliz Passagem para todos ,independentemente das nossas íntimas crenças.

Ainda que seja uma passagem desse para o mesmo mundo, mas para um novo tempo construído com o melhor de todos nós.