O meu mundo.
Angélica T. Almstadter
Há em minha prosa a sonoridade da minha voz, o apelo da minha palavra recheada de sentimentos e sensações íntimas, é por essa veia torta que escorro meus muitos desejos e pensamentos, é por esse canal que exprimo minhas ânsias e nela que imprimo a minha digital.
Engana-se que pensa que ao adentrar por minhas muitas prosas se torna um pouco dono da minh'alma, pois minh'alma é tão livre quão libertárias são as minhas palavras; enquanto minha voz viaja dentro das minhas linhas; seja compassada ou quebrada em trechos desconexos, dou o direito à cumplicidade a quem com ela se assemelha, a quem encontra paixão nos mesmos moldes, mas não dou a minha vida, a minha paz. Antes faço alvoroço, reviro sem compaixão o íntimo de cada um; para que se procure e encontre o seu próprio avesso.
Mitigo minhas dores em muitas prosas e em ensaios da minha eterna ansiedade, porém mora cá dentro de mim, uma dimensão que não proponho em linhas, por que só me conhece a profundidade, quem me sentir, e só mergulhará nela se minhas águas proporcionarem esse mergulho.
Passeio minhas prosas como quem passeia palavras num desfio de canções, para aplacar a minha sede e aplanar a minha angústia de viver, ainda que nelas morem momentos de prazer. Entôo nas minhas prosas, cânticos, muita vez não compreendidos e em outras tantas mal interpretadas; são hinos de louvor ao amor, amor que não tem dono nem dimensão, mas que são corcéis que cavalgam no meu peito e por não serem domados; se espalham selvagens e sem rédeas pelas muitas linhas que escapam livres como a condição da minha alma sem limites.
Engana-se quem pensa aprisionar meus cânticos e prosas em modelos pré-concebidos ou em críticas maliciosas, ou quem se atreve se sentir dono das minhas muitas declarações da alma.
Engana-se que não sabe sentir com a alma o que eu dôo em muitas palavras, e da mesma forma quem pensa entender as minhas prosas como uma busca ansiosa de amores a qualquer preço. É dentro de um mundo onírico que vivem e transitam meus louvores, mas é no mundo real que moram as verdadeiras razões da minha alma e do meu corpo.