Lenda da Matinta Pereira.

- Já vai dar meia noite, não vou ficar parada esperando Acontecer comigo o que aconteceu, já com um monte de gente daqui. Principalmente com as mulheres... (assustada; vira a cabeça para o outro lado e assovia) Ouviram? Ouviram esse assovio? (vira e assovia novamente) Dinovo! Ouviram? É ela, é ela que está chegando!...

- À noite passada começou assim, com esse pássaro agourento assoviando. – Dizem que o nome dele é rasga mortalha e que esse barulho sai do rabo dele que é assim (mostra o formato, com os dedos) no formato de uma tesoura aberta e que cada vez que fecha faz esse barulho, que significa a tesoura cortando a mortalha do próximo defunto. A próxima vítima dela... A Matinta Pereira!...

- Nas cabanas desertas, acampamentos e residências, nos interiores de Belém, há alguns anos; e ainda hoje!... Em interiores como esse, nas regiões do Pará e de toda Amazônia, ela aparasse no formato de uma criatura horrenda, assombrando as crianças e até os adultos. (com medo) As pessoas para se verem livres, apavoradas pedem para que ela as deixe dormirem sossegadas e, que em troca lhes darão fumo no dia seguinte.

- (Bem alto) E ela vem!!!... No dia seguinte aparasse uma velinha de aparência simpática e inofensiva, para pegar o fumo; e triste daquele que não pagar a promessa. (sorriso sarcástico) Mais não para por aí não!... A noite passada eu mesma vivi momentos que nunca mais vou esquecer, eu vi! Vi e ouvi, com esses olhos e ouvidos que vê e ouve vocês. E que a terra não há de comer tão sedo!

- Primeiro eu ouvi: (grita assombrosamente) depois: (risada espalhafatosa) e logo depois uma voz menos aterrorizante perguntava: - Quem quer?... Quem quer?... A coitada da Madalena, minha vizinha, pensado que havia de ser coisa boa: algum tesouro encantado enterrado por essas matas ou por essas beiras de rios. Levantou-se e gritou bem alto: Eu quero!... Aí, naquele mesmo momento. Cataplif!... (cai durinha, em seguida levanta-se) Não morreu, não, mas recebeu a maldição; e a partir daquele momento ela passou a ser uma Matinta Pereira, pra assombrar as pessoas nas noites a fora.

- A que estava gritando, gritava por que sabia que ia morrer; e antes tinha que passar a maldição para outra pessoa. Só que estou preparada! Descobri como prender a Matinta Pereira, bem presa. Olha aqui! (mostra uma tesoura, uma chave e um terço) A gente faz assim. Primeiro a gente pega a tesoura e enfia ela no chão, assim um pouco aberta, coloca o terço por cima e em seguida a chave. E eu vou fazer isso é agora; e depois que ela estiver presinha, presinha, eu vou chegar pra ela e vou dizer: agora grita maldita, (gritando bem alto) grita!... (suspende as mãos segurando a tesoura).

Ouve-se, vindo do outro lado do palco, um grito aterrorizante. Ele leva um enorme susto, cai, sai tateando até conseguir levantar-se e sai do palco correndo apavorada.

Fim

Olá amigos. A Matinta Pereira é uma personagem lendária de minha região, o Estado do Pará. Essa adaptação para o Teatro, em forma de Monólogo, foi feita por mim, Cícera Maria, para representá-la em um teste final de uma oficina de Teatro que participei. Espero que gostem.

Bjs!... Cícera Maria.

Cícera Maria
Enviado por Cícera Maria em 04/06/2009
Reeditado em 16/06/2009
Código do texto: T1632285
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